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| Encontro pautou a Comunicação Popular como estratégia para o desenvolvimento | Foto: Arquivo Ceop |
Com o objetivo de avaliar, planejar, trocar experiências e reconduzir as ações da Articulação no Semiárido Paraibano (ASA Paraíba) desenvolvidas no Curimataú, pessoas bem vindas dos municípios de Nova Palmeira, Frei Martinho, Nova Floresta, Cuité, Baraúna, Picuí, Barra de Santa Rosa, Damião, Araruna, Caiçara, Logradouro e Tacima se reuniram para participar do Encontro Territorial do Coletivo da ASA no Curimataú Paraibano.
O Encontro Territorial teve como tema “A Comunicação para a Convivência com o Semiárido” e ocorreu nos dias 23 e 24 de abril de 2015, no Centro Educativo do CEOP (Centro de Educação e Organização Popular), localizado no Bairro Monte Santo, em Picuí (PB).
O Encontro contou com a presença de agricultoras e agricultoras, lideranças comunitárias, representantes de associações comunitárias e sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais, técnicas e técnicos agrícolas, membros das comissões municipais e da equipe técnica do P1+2 (Programa Uma Terra e Duas Águas), executado pelo CEOP no Curimataú e Seridó paraibano.
Na manhã do primeiro dia, a diretora Institucional dos Programas Primeira e Segunda Água, do CEOP, Francisca Aparecida, deu as boas vindas e conduziu uma mística inicial. O coordenador técnico do P1+2, Ranieri Ferreira, realizou uma leitura da programação, fez uma breve e esclarecedora explanação acerca dos objetivos do evento, fechando com os acordos coletivos que foram pensados de forma coletiva.
Ranieri Ferreira, que também é Agrecólogo, conduziu o Encontro Territorial com o lançamento de publicações sobre agroecologia, a exemplo da Cartilha Agroecológica intitulada “Consorciação de Culturas”, produzida por graduados no Curso Superior de Agroecologia, ministrado no Campus Picuí do IFPB (Instituto Federal da Paraíba). Após os lançamentos, foi realizada a abertura para os debates em plenária, momento de fortalecimento dos saberes e da troca de conhecimento entre os participantes.
Seu Genival Pedro, sábio agricultor residente na Comunidade Massaranduba, município de Caiçara (PB), usou o poder da palavra para destacar a importância do encontro: “Estamos trocando experiências para o bem comum de todos e que mais irmãos venha. Sozinho, a luta pode até não terminar em vitória, mas com a união de pessoas com pulso firme, a batalha é cruel, porém valiosa. A luta para ser conquistada só precisa de união, pois o nosso povo unido jamais será vencido”, afirmou.
Na tarde do primeiro dia, os participantes dialogaram sobre a Comunicação Popular como estratégia de desenvolvimento. Neste momento, com a estratégia de sensibilização sobre o tema, foi utilizado o vídeo “Levante sua Voz”, realizado pelo Coletivo Intervozes. Complementando ainda mais o debate sobre a Comunicação Popular, realizou-se um trabalho em grupo, ocasião em que os componentes dos grupos responderam de modo reflexivo as seguintes perguntas: “Quais os meios de comunicação que temos participação?” e “Como melhorar o processo de comunicação do projeto de convivência com o Semiárido?”
“É importante buscar, ter acesso aos meios de comunicação para que a nossa voz, os nossos trabalhos também sejam escutados, conhecidos e valorizados pelas pessoas”, relatou a agricultora experimentadora Junes Pereira, do Sítio Baxio, no município de Baraúna (PB). “Nós também temos uma televisão e esse aparelhinho comunica muito. Sem dúvidas, tem muito mais a dizer e a nos ensinar do que aquela gigante, onde só nos mostra desgraça, violência, desunião das famílias e o que não tem nada a ver conosco. Nossa televisão só tem a mostrar novelas boas que engradece nossa gente, nossas sabedorias e o que realmente é de verdade. Portanto, para fazer do nosso sertão uma televisão também gigante, que consiga ganhar espaço e libertar nosso povo, só precisa de união. Minha gente! Isso aqui também é uma televisão e nela passa muita coisa boa, coisa nossa e com ela eu aprendo de verdade, e posso ensinar também, pois estar ao nosso alcance. Comunica de verdade”, sabiamente, esclareceu seu Genival Pedro, da comunidade Massaranduba, em Caiçara (PB).
Concluído o momento de diálogo em plenária sobre a Comunicação, concedeu-se o espaço para uma importante palestra promovida por Robson Ferreira, técnico agrícola da Unidade Local de Sanidade Animal e Vegetal de Picuí, que abordou como principal discussão a Convivência com o Semiárido, bem como as ações de preservação ambiental e recuperação de áreas degradadas que vêm sendo desenvolvidas na Fazenda Gavião, localizada na Comunidade Serra Baixa, em Picuí (PB).
No segundo dia, Ranieri Ferreira apresentou a história da rede ASA e fez um resgate das ações de Convivência promovidas no território, onde os participantes relembraram os desafios enfrentados no início dos trabalhos, que na época se efetuavam através de fundo rotativo solidário.
O Encontro Territorial contou ainda com a entrega de lembranças, com a declamação de um belo poema e com a perspectiva de sempre mais fortalecimento do Coletivo ASA Curimataú, possibilitando, portanto, o desenvolvimento das comunidades rurais com uma juventude camponesa ativa aos trabalhos do campo, com educação contextualizada, com enfrentamento à violência doméstica e com famílias camponesas que acreditam em um Semiárido mais justo, cheio de sabedorias, belezas e riquezas e assim, digno de se viver.
