Água e povo: saber popular que protagoniza e gera riquezas no Vale

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Agricultores e agricultoras trocar saberes, sabores e experiências no Encontro Territorial. | Foto: Acervo Cáritas Araçuaí.

Foi com esse tema que agricultores e agricultoras de Araçuaí, Itinga e Virgem da Lapa, instituições sociais, sindicais e de ensino e poder público se reuniram nos dias 23 e 24 de abril no Centro Diocesano de Araçuaí para trocarem saberes, sabores e experiências no Encontro Territorial do Programa Uma Terra e duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e Cáritas Diocesana de Araçuaí.

O Encontro foi também uma forma de promover intercâmbio entre as famílias e instituições que trabalham com a política da água neste território. Além da avaliação do P1+2 o encontro promoveu momentos de escuta e aprofundou debates sobre a política da água para o futuro, bem como ações coletivas para essa política.

A mística de acolhida reforçou o protagonismo das famílias na construção das atividades de acesso à água e a outras políticas públicas. Foi também um momento de descontração em que cada território se apresentou, trazendo músicas e danças da cultura do Vale do Jequitinhonha.

E foi esse protagonismo das famílias que conduziu todas as atividades nesses dois dias de Encontro. A metodologia usada proporcionou a participação desses agricultores e agricultoras que fazem e são a razão dos programas da ASA . Vale ressaltar que eles e elas trouxeram seus produtos e sementes e no momento da cadeira do conhecimento relataram historias de vida, experiências e relação com a terra e água e num gesto de partilha e solidariedade permutaram conhecimento e essa produção agrícola.

Os painéis Água como símbolo sagrado e Experiências de aproveitamento da água abriram os debates. Os palestrantes foram padre Júlio, diretor-presidente da Cáritas Diocesana de Araçuaí e José Aparecido Jardim, agricultor familiar da Comunidade Santa Rita, município de Virgem da Lapa. Em sua fala padre Júlio diz que a luta pela água vem desde o inicio dos tempos e que por ela ser um elemento sagrado, criado por Deus, precisa ser cuidada e preservada.

José Aparecido relata a sua experiência para reaproveitar a água. “Eu via toda água da casa indo embora sem nenhum aproveito, então pensei que poderia reaproveitá-la. Fiz o desenho em um papel e criei uma pequena caixa, encanei todas as águas da casa, como a da pia do banheiro, da cozinha e do tangue nessa caixa, e dela fiz a distribuição no meu terreno para molhar os pés de planta que ganhei no caráter produtivo”.

Em seguida foi apresentado um vídeo institucional que fez o resgate e memória das atividades desenvolvidas nos 14 meses do Programa.  No vídeo José Nelson, coordenador do programa diz que “além dos cursos oferecidos às famílias elas também têm a disponibilidade de buscar o conhecimento fora, através dos intercâmbios conhecendo e levando experiências. A partir do momento que temos essa proposta de construção a família dá uma resposta de pertença, ou seja a tecnologia dela é mais valorizada por ela mesma, pois ela colocou ali energia e sinergia”.

No segundo momento do encontro uma mesa redonda foi composta por representantes dos agricultores e agricultoras de Araçuaí e Virgem da Lapa, Instituto Federal Campus Araçuaí e Prefeitura de Araçuaí para falarem dos seus trabalhos com a água, estabelecendo potencialidades e desafios e apontando uma perspectiva de ação coletiva a partir da política da água e das alternativas de convivência com a seca. 

Na mesa, Seu Zezé das Tesouras fala sobre a importância dos mutirões, inclusive para preservar as águas “Temos que mobilizar todos e todas, principalmente os jovens, sozinhos não damos conta. Todos têm que fazer o seu papel, economizando e segurando a água que a natureza nos oferece”. Marcilene Ramalho, secretária de agricultura comenta sobre a importância dos projetos de convivência com o Semiárido e cita que os caminhões pipas ajudam a encher as cisternas na época da falta de água. Mas que o grande objetivo da  Prefeitura  juntamente com os parceiros é promover o empoderamento das famílias no que tange à gestão da água.  Em sua fala, Natalino Gomes, diretor de ensino do IFNMG-Araçuaí relembra que á água é tão vital que está em grande parte no corpo humano e que a partir da distribuição hídrica disponível precisamos nos planejar ações em conjunto para frear o contingente de água das chuvas.

As contribuições dos agricultores, agricultoras e dos palestrantes reavivaram a necessidade do trabalho em parceria na convivência com o Semiárido. Esse parceria vem mostrando também as importantes belezas dessa região, que tem um povo, forte, resistente, feliz e protagonista de sua história.

 

 

 

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