Apesar das reclamações pelo interior de que as cisternas de polietileno no calor intenso do semiárido não duram em média três anos, o Rio Grande do Norte está para receber uma nova remessa de dois mil reservatórios feitos desse material do departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS).
No fim do ano passado, agricultores de Caraúbas, no Oeste do estado, se recusaram a receber as cisternas de polietileno, alegando que o material não resiste ao calor do semiárido. E o prefeito do município, Alcivan Viana, segundo o portal G1, chegou a enviar à Fundação Nacional de Saúde (Funasa) um documento em que pedia a suspensão da entrega das 278 cisternas da resina destinadas ao município.
A Acqualimp é a fornecedora oficial do produto para o Governo Federal. A vencedora do contrato milionário com o DNOCS é a maior produtora mundial deste equipamento, tendo já entregue mais de 1,8 milhão de unidades para países da América Latina por meio do Grupo Rotoplas, fundado no México e presente em 16 países do continente.
As mesmas cisternas de polietileno, com capacidade para 16 mil litros, também chegarão brevemente aos Estados do Ceará, Minas Gerais, Bahia, Paraíba e Pernambuco ao custo de R$ 210 milhões. Serão entregues 60 mil reservatórios ao custo unitário de R$ 3.500,00.
Das 60 mil cisternas, 26.228 serão destinadas ao estado do Ceará (25 cidades), 12 mil à Bahia (nove cidades), 10 mil para Minas Gerais (19 cidades), 5.772 para Pernambuco (12 cidades), quatro mil para a Paraíba (10 cidades) e duas mil no Rio Grande do Norte (duas cidades). A previsão de entrega da Acqualimp para o DNOCS é maio, já a conclusão dos serviços é dezembro de 2013. O Governo do Estado não tem programas envolvendo a instalação de cisternas de polietileno nas regiões mais castigadas pela seca.
Pelo programa “Água para Todos”, do governo federal, o Ministério da Integração seria responsável diretamente pela entrega de 300 mil desses equipamentos no País, sendo 90 mil até dezembro de 2012. A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), ligada ao Ministério da Integração, instalou até novembro do ano passado 17,8 mil cisternas em 32 municípios brasileiros.
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) fomenta a construção de cisternas desde 2003. “Nossas cisternas não têm nada a ver com esses reservatórios de resina”, afirmou em novembro de 2012 ao JH Luiz Eduardo Carneiro da Costa, secretário do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social.
A Sethas havia concluído na ocasião, com o Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários (Seapac), o cadastramento e capacitação das famílias dentro do Programa Nacional de Cisternas na região do Alto Oeste do Estado.
Ao todo, o projeto atingiu 2,5 milhões de pessoas nos últimos nove anos pelo Programa Cisternas do MDS. O custo unitário médio saiu por R$ 2 mil – bem mais em conta do que os R$ 3,5 mil pagos por cisterna pelo DNOCS.
Os reservatórios de cimento construídos hoje no RN, em convênio entre Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (Sethas) com o MDS mediante contrapartida do governo estadual prevêem a instalação de 2.800 estruturas a um custo de R$ 4,2 milhões. Desse total, R$ 1,5 milhão seria a contrapartida do Estado.
As cisternas de cimento, com a manutenção adequada, podem durar por várias gerações. No Alto Oeste, as regiões prioritárias para receber o equipamento são Riacho da Cruz, Portalegre, Taboleiro Grande, Rodolfo Fernandes, Itaú, Água Nova, Coronel João Pessoa, Venha Ver, São Miguel, Doutro Severiano, Luiz Gomes, Riacho de Santana, Paraná e Marcelino Vieira.
Por esse sistema, a água das chuvas escorre do telhado da casa por uma calha e cai direto na cisterna, onde fica armazenada. Tem a mesma capacidade das cisternas de polietileno – 16 mil litros -, o suficiente para suprir o consumo de uma família de cinco pessoas por um período de estiagem de, aproximadamente, oito meses. Mas o fato é que esses reservatórios só têm utilidade em épocas chuvosas, quando elas já deveriam existir.