Zé Goiana e Maria de Lourdes moram na comunidade Lagedo de Timbaúba, no município de Soledade. A dificuldade de água para consumo das famílias e dos animais sempre esteve presente na vida das pessoas da comunidade. Alguns depoimentos relatam que eram necessários percorrem mais de 2km para pegar água para beber e essa água nem sempre era de boa qualidade. A família começou a se mobilizar em mutirão com outras famílias para escavar cacimbas e ampliar os lagedos para estocagem de água. O trabalho ganhou impulso com os fundos rotativos solidários. Em seguida, construíram uma barragem subterrânea, a qual utilizam para produção de capim que alimenta os animais e também para a diversificação da produção de frutas e hortaliças. A família aumentou a criação de ovelhas, tem água de boa qualidade disponível e pretede ampliar as infraestruturas hídricas para estocar mais água para produção de alimentos.

A experiência do casal Antonio Paulino e Josefa Vieira, no municipio de Aroeiras é uma história de zelo e cuidado com a natureza. Seu Antonio sempre trabalhou nas terras arrendadas. A relação com o patrão, apesar de boa, não lhe restava muita produção. Seu Antonio conta que tinha pouca liberdade de plantar o que gostava, sempre tinha que consultar o dono da terra. Mesmo assim, sempre guardou as sementes da sua paixão, mesmo que não pudesse plantar toda no roçado. Uma das sementes guardadas pela família é a fava preta, uma variedade com boa adaptação ao solo e às condições climáticas locais. Assim como a fava preta, a família cultiva outras espécies num lote de terra conquistado com muita luta numa área de assentamento.

Um casal de migrantes, que depois de muitas andanças fixaram residência no Sitio Ambó, no município de Riacho de Santo Antonio, tem preocupação em plantar fruteiras consorciadas com a vegetação nativa. Além disso, realizam várias práticas de conservação do solo e dos recursos naturais como: cobertura morta, manejo integrado da criação animal, consórcios, plantio de árvores ao redor das fontes de água e seleção de sementes. A sabedoria da família vem sendo passada e compartilhada entre as gerações. Hoje, boa parte das atividades é dividida entre filhos e netos. O orgulho da família é trabalhar em harmonia com a natureza sem nenhum tipo de agressão ou uso de venenos nos espaços da propriedade.

Um casal de agricultores que, mesmo com toda a dificuldade de acessar água, sempre soube que um potencial que tinham nas mãos era aproveitar as riquezas da natureza. Pouco a pouco, a família foi inovando nas estratégias de captação e estocagem de água e hoje toda a produção de alimentos para a família e para os animais é proveniente de apenas 8 hectares de terra. Essa experiência é desenvolvida na comunidade Santa Cruz, no município de São Vicente na região do Seridó paraibano.

A família Medeiros residente na comunidade Capoeiras, município de Cubati, é um exemplo de uma família guardiã da biodiversidade. A família tem um conjunto de experiências importantes de manejo da água, criação de animais, diversificação dos roçados e banco de sementes. O boletim retrata a experiência de manejo da fava cearense, uma variedade bem adaptada à realidade local e que tinha sido perdida em virtude das secas. Além de guardar de um ano para outro as sementes em garrafas pets, eles as distribuem com outras famílias da comunidade.