Formações consolidam protagonismo dos agricultores no reflorestamento da Caatinga 

Ciclo de oficinas do Projeto Redeser, iniciativa do MMA e da ASA com apoio da FAO, beneficiou 135 pessoas em AL, BA e PB

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Kleber Nunes | ASACom

Agricultores familiares dos estados de Alagoas, Bahia e Paraíba estão prontos para ajudar os poderes públicos a conter o desmatamento em áreas suscetíveis à desertificação na Caatinga. As ações, em sua maioria lideradas por mulheres e jovens, baseiam-se no incentivo à conservação e variedade de sementes para ampliar a produção de mudas nativas destinadas ao reflorestamento do bioma.

Essa estratégia, que alia saberes dos povos do Semiárido com a ciência, foi desenhada em um ciclo de oficinas do Projeto “Revertendo o Processo de Desertificação nas Áreas Suscetíveis do Brasil: Práticas Agroflorestais Sustentáveis e Conservação da Biodiversidade” (Redeser). As formações capacitaram, em abril, 135 agricultores dos municípios alagoanos de Delmiro Gouveia, Olho D’Água do Casado e Piranhas, de Uauá (BA) e Várzea (PB).

Dois agricultores conversam sobre conservação de sementes e produção de mudas para o reflorestamento da Caatinga

Ao todo, foram 12 oficinas que apresentaram técnicas de coleta, seleção e armazenamento de sementes, e outras 12 capacitações sobre métodos para produção eficiente de mudas nativas da Caatinga. Além de novos conhecimentos, os agricultores familiares receberam insumos e equipamentos de apoio às casas ou bancos de sementes e viveiros comunitários de mudas.

As formações tiveram o apoio dos técnicos da Cooperativa dos Pequenos Produtores Agrícolas Bancos Comunitários de Sementes (Coppabacs), em Alagoas; do Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (Sasop), na Bahia; e da Ação Social Diocesana de Patos por meio do Programa de Promoção e Ação Comunitária (Propac). Todos integrantes da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).

“Foram oficinas essenciais que trouxeram informações e materiais necessários não apenas para melhorar a produção de mudas, mas também aprimorar a estrutura das casas e dos bancos de sementes. Com um foco prático, as atividades também promoveram uma rearticulação das famílias envolvidas”, afirma o assessor técnico do Redeser, Paulo Pedro de Carvalho.

O ciclo de formações do Redeser continua nestes meses de maio e junho com rodadas de intercâmbio de experiências e oficinas sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas (SNSM).

Sobre o Redeser

O Redeser é uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) liderada pela ASA, por meio do Programa Sementes do Semiárido, com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O projeto foi relançado em setembro de 2023 depois de quatro anos paralisado pelo governo Bolsonaro. 

Ao todo, o Redeser destina R$ 19 milhões do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês) para mitigar a desertificação no Semiárido com práticas agroflorestais sustentáveis e de conservação da biodiversidade.

As ações são executadas por 28 organizações sociais da ASA, que atuam em 14 municípios nos territórios do Araripe (Ceará), Xingó (Alagoas), Sertão do São Francisco (Bahia) e Seridó (Paraíba e Rio Grande do Norte). O projeto também conta com a cooperação de prefeituras e governos estaduais.

De acordo com o MMA, o foco é a implementação de Sistemas Agroflorestais (SAF) e práticas de Gestão Integrada dos Recursos Naturais (GIRN) — iniciativas que têm potencial de promover a agroecologia e a convivência com o Semiárido. A expectativa é que mais de 13 mil hectares sejam geridos de forma sustentável e cerca de 200 famílias sejam beneficiadas.

Outro impacto esperado é a ampliação da oferta de alimentos saudáveis, que serão disponibilizados por meio do mercado local,  para os beneficiários do projeto.

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