Concentração da água e da terra
Apesar do enorme potencial da natureza e do seu povo, o Semiárido é marcado por grandes desigualdades sociais. Historicamente, o governo investiu na construção de grandes obras hídricas como forma de solucionar o problema da falta de água na região. Estima-se que o Nordeste abriga mais de 70 mil açudes, que acumulam 37 bilhões de m³ de água. Todo esse volume de água está concentrado em propriedades particulares e não é compartilhado com a população difusa do Semiárido.
A distribuição das terras também é extremamente desigual. Segundo o Censo Agropecuário 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 84,4% do total de estabelecimentos rurais brasileiros são unidades da agricultura familiar, que ocupam apenas 24,3% do total de terras destinadas à produção agropecuária. Já as unidades NÃO familiares representam 15,6 % dos estabelecimentos rurais e detêm 75,7% das terras. A concentração também é mostrada comparando-se a área média dos estabelecimentos familiares (18,37 ha) com a dos não familiares (309,18 ha).
Um dado que dá a dimensão da importância da agricultura familiar no Brasil é que 70% dos alimentos que chegam à mesa da população são provenientes do trabalho de quatro milhões de famílias, das quais um pouco mais da metade vive no Semiárido.
Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional
Ter acesso a uma alimentação saudável, de qualidade e em quantidade suficiente é um direito de todos e todas. Isso é Segurança Alimentar e Nutricional. Já a soberania alimentar está associada à autonomia dos povos de decidir o que comer e como produzir, respeitando seus hábitos alimentares.
Para garantir o Direito Humano à Alimentação é necessário ter como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis.
Nesse sentido, a ASA defende a produção agrícola de base agroecológica, que entre suas características está o cultivo livre de agrotóxicos. A ASA defende também o acesso à água, a terra e às sementes como condição fundamental para que as famílias do Semiárido brasileiro produzam alimentos que fazem parte de seu hábito alimentar.
Outras estratégias para a Soberania e a Segurança Alimentar e Nutricional na região são os bancos de sementes, as técnicas de produção e estocagem de alimentos para os animais, como os bancos de proteínas e a fenação, e sistemas produtivos como os quintais produtivos e a agrofloresta.