Sociabilidade e boas vendas marcaram a IV Feceaf

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Venda de bonecas artesanais garante o sustento da família de Antônio Alves | Foto: Zoraia Nunes

Agricultores e agricultoras vindos de 184 municípios cearenses participaram da IV Feira Cearense da Agricultura Familiar (Feceaf), realizada no Parque de Exposições Governador César Cals em Fortaleza, entre 1º e 4 de setembro.

O público estimado em 50 mil pessoas pode adquirir peças de artesanato, produtos típicos da zona rural e ainda se deliciar com pratos da culinária regional. A movimentação intensa não era só nos estandes. Filas se formavam na casa de farinha e no engenho – atrações que já viraram tradição na feira – para comprar tapioca, farinha e mel de cana-de-açúcar feitos na hora. Os que queriam testar as habilidades de pescador podiam se aventurar no Pesque e Pague e depois, quem sabe, exercitar a imaginação e contar a façanha aos amigos.

A comercialização dos produtos se insere na lógica do comércio justo e solidário e a produção agrícola segue processos que não agridem o meio ambiente. “Veneno eu num sei nem o que é. Uso inseticida de nim. O povo reclama que as coisas da gente são caras, mas não sabem o trabalho que dá a vida na roça. Tá vendo aqui essas mãos cheias de calo? É muito trabalho debaixo do sol”, relata, com os olhos marejados, D. Lourdes, do assentamento 10 de Abril, município de Crato.

A Feira, de acordo com seus organizadores, se propõe a ser, além de um espaço de comercialização, também um momento de interação social e cultural. Era exatamente esse o clima vivenciado pelos produtores/as. A necessidade de vender os produtos não os/as impediu de circular entre os estandes e fazer amizades. Como disse D. Maria de Fátima, do município de Itarema, “tem sempre uma colega que fica de olho nas coisas da gente e a gente pode passear”. Com essa interação, foi possível, ainda, fazer uma espécie de escambo. D. Maria Selestiana, de Indepedência, conta que não volta pra casa com os produtos que levou. O que não vende, troca com os/as amigos/as.

A produção, seja de artesanato ou de produtos agrícolas, contribui de forma decisiva para a sustentabilidade das famílias. Seu Antônio Alves, que todos/as conhecem como Baygon, trouxe do município de Ipú as bonecas que produz juntamente com a companheira, D. Maria Gentileza. Na manhã do último dia da Feira, Baygon já tinha vendido tudo. Após o insucesso no ramo de panificação, afirma que foram as bonecas que garantiram a sobrevivência da família. “Tenho um filho estudando engenharia civil no Rio de Janeiro e consegui que ele estudasse com esse trabalho”. D. Assunção Braga, de Viçosa, também criou os filhos com a ajuda da fabricação de peças de cerâmica, arte a qual se dedica desde os 9 anos de idade.

Grande parte dos expositores, mesmo os que estavam na Feceaf pela primeira vez, já possuíam um importante acúmulo de experiência pelo fato de sempre participarem de feiras em seus municípios e/ou regiões. Cobram, entretanto, uma maior frequência desses eventos e mais apoio dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) e do Governo do Estado.

Animados/as, vários/as produtores/as já fazem planos para voltar em 2012, mas não escondem a apreensão. Temem dificuldades no processo de articulação e até mesmo a não realização da V edição da Feceaf por se tratar de um ano eleitoral.

 

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