Seminário em Arapiraca aponta ações para fortalecer o PAA

Uma das propostas é melhorar a mobilização dos agricultores para a venda

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Três grupos de trabalho, reunião com o Conselho Estadual de Desenvolvimento da Agricultura Familiar e Reforma Agrária (Cedafra), oficina para elaboração de projetos, mobilização para cadastro de experiências produtivas. Esses foram alguns dos resultados e encaminhamentos do Seminário de Avaliação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em Alagoas, promovido pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), de 24 a 26 de maio, em Arapiraca.

A partir da apresentação das políticas de aquisição de alimentos via municípios, estado e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e das visitas a experiências de comercialização, agricultores, organizações e representantes públicos perceberam que a comercialização por meio de programas como o PAA e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) ainda é pouco expressiva dentro do estado. 

Dentre os maiores problemas percebidos tanto na fala dos representantes públicos, quanto nas experiências visitadas está a pouca mobilização dos agricultores/as para a comercialização direta, pois ainda é muito forte a presença do atravessador no processo de venda dos produtos da agricultura familiar.

“Ano passado vendi meu feijão por R$ 25,00. A Conab ia comprar por R$ 80,00, mas os atravessadores prometeram comprar por R$ 100,00. Por causa dessa promessa, os agricultores desistiram de vender a Conab. Quando ela foi embora, eles [os atravessadores] voltaram o preço pra R$ 25, R$ 30 e a gente não pôde fazer nada. Isso não pode mais acontecer”, conta o representante do sindicato dos trabalhadores rurais, Cícero, de Inhapi, ao reforçar que os municípios precisam fazer um levantamento da demanda e das experiências de produção e que as organizações locais têm o papel de articular esse processo.

Essa é uma opinião compartilhada também por Elizeu Rêgo, superintendente da Conab no estado. Na sua fala de avaliação, ele lembra que mesmo que o estado ofereça todas as políticas, sem o povo, nada pode ser feito.

O objetivo dos grupos de trabalho formados é organizar os agricultores/as e seus projetos de comercialização, apresentar propostas e projetos junto os mecanismos de comercialização do estado, bem como discutir políticas de intervenção e qualificação desses programas.
Uma das primeiras intervenções planejadas pelo grupo é cobrar do Cedrafa, na sua próxima reunião, a criação da Comissão de Gerenciamento do Programa Estadual dos Bancos de Sementes, garantida na Lei Estadual de Sementes.

 Eunice cobrou compromisso dos participantes para encaminhar as propostas | Foto: Regimere Santos 

Outro encaminhamento previsto é uma capacitação em elaboração de projetos de comercialização, planejada para acontecer nos dias 15 e 16 de junho. Nesta formação pretende-se envolver, principalmente, lideranças e técnicos das organizações locais que acompanham os agricultores.

O final do encontro foi marcado pela animação diante dos encaminhamentos e do compromisso das pessoas presentes em animar o processo de comercialização junto aos agricultores. “Este não pode ser mais um evento. Precisamos ter vontade e compromisso com aquilo que foi discutido e planejando aqui”, ressalta Eunice de Jesus, coordenadora estadual da ASA Alagoas. 

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