Agricultoras da Borborema conhecem fogões ecológicos em Afogados de Ingazeira (PE)

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Prosseguindo com as atividades do Projeto Agroecologia na Borborema, financiado pela Petrobras Ambiental, 23 agricultoras e três agricultores da Paraíba tiveram a oportunidade de conhecer as experiências com fogões ecológicos em Afogados de Ingazeira, Pernambuco. As experiências visitadas são animadas pela ONG Casa da Mulher do Nordeste (CMN), que vem fortalecendo uma ação de preservação e cuidado com a devastação da caatinga, resultante, entre outros fatores, do manejo inadequado de espécies nativas e também da retirada indiscriminada de lenha da caatinga para o cozimento dos alimentos.

Para reverter essa situação, algumas estratégias importantes foram experimentadas, tais como a diversificação da produção nas cisternas, a criação de pequenos animais de terreiro, cursos de educação ambiental, etc.

Nessa mesma perspectiva de cuidado com o meio ambiente, foi iniciado o trabalho com os ecofogões, uma tecnologia que tem como grande potencial o baixo consumo de lenha (redução em até 50%), além da eficiência no cozimento da alimentação. Eles também minimizam os problemas à saúde causados pela fumaça e fuligem dos fogões à lenha convencionais e diminuem o esforço do trabalho da mulher, que antes fazia o transporte de grandes quantidades de lenha para o cozinhar os alimentos. 

A experiência vem sendo conduzida há dois anos e na região já são aproximadamente 300 ecofogões implantados em propriedades familiares apenas pela Casa da Mulher.

A primeira visita, no dia 19 de setembro deste ano, aconteceu na Comunidade de Monte Alegre, na propriedade de dona Maria das Dores, seu Juvenal e três filhos. A família foi uma das primeiras experimentadoras, já tendo um ecofogão há dois anos. A gente não acreditou muito no início que aquele tipo de fogão poderia dar certo e hoje não nos separamos mais dessa inovação, disse ela.

Em aproximadamente quatro semanas a família foi beneficiada com outro ecofogão, sendo que desta vez com forno, que foi uma doação do Projeto Dom Helder Câmara. A justificativa por mais um fogão é porque dona Maria das Dores participa da feira agroecológica e faz muitos bolos para vender na feira.

A segunda visita aconteceu na Comunidade Santo Antonio II, onde dona Josefa e seu Edinaldo vivem com seus cinco filhos. Um fogão geoagroecológico foi construído há três meses, contando com o apoio da ONG Agenda para ministrar uma oficina de capacitação e construção do fogão. O equipamento ainda está em experimentação e, enquanto a família continua usando o fogão convencional, aos poucos vai aprendendo a usar o geoagroecológico. A vantagem desse modelo é que a reprodução de novos fogões pode acontecer sem problemas em virtude de ser uma patente social, o que não é o caso dos ecofogões.

Após a visita a Ingazeira, as agricultoras da Borborema se reuniram para discutir qual o melhor modelo para iniciar a experimentação na Paraíba.

Fiquei muito entusiasmada com o fogão geoagroecológico. Acredito que dentro de nossa realidade essa é uma opção interessante e adaptada a qualquer família agricultora. Esse modelo não tem dependência de ser comprado das empresas. As próprias famílias podem fazer a confecção dos fogões, declarou Angineide, do STR de Queimadas.

Já para Giselda, da Coordenação do Polo da Borborema, os dois modelos devem ser experimentados na região: Precisamos discutir com as famílias que têm interesse em fazer experimentações. Depois vamos tirando as conclusões sobre qual formato corresponde às necessidades das famílias agricultoras na Borborema.

A partir dos depoimentos, ficou estabelecido com as mulheres que a experimentação começará com 20 fogões ecológicos sem forno. Além disso, a ONG Agenda será convidada para fazer uma capacitação sobre o uso do fogão geoagroecológico e também trazer a experiência desse modelo.

A possibilidade de contato e aprendizado direto entre agricultores faz das visitas de intercâmbio uma das atividades mais apreciadas pelas famílias participantes do Projeto Agroecologia na Borborema.

Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.

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