Por Francisco Barbosa, Cetra*
De 10 a 14 de dezembro, o Ceará recebe delegação africana composta de representantes de Burkina Faso, Níger, Chade e Senegal. O objetivo da ação é apresentar as estratégias de convivência com o Semiárido Brasileiro e proporcionar a troca de experiências entres as/os presentes.
A visita de intercâmbio teve início na segunda-feira (10) pela manhã na sede do Cetra, em Fortaleza. O dia foi marcado pela apresentação da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) para os/as integrantes da delegação vinda do continente africano e, em seguida, por uma visita na Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará (SDA) onde os integrantes da visita de intercâmbio foram recebidos pelo então secretario do Desenvolvimento Agrário De Assis Diniz. Após o encontro na SDA, a delegação seguiu em viagem para o Sertão Central.
Nesta terça-feira (11) pela manhã o grupo visitou a comunidade Quilombola Sítio Veiga, em Quixadá. Lá conheceram a história da comunidade, as cisternas de primeira e segunda água e a casa de sementes. Ana Maria Eugênio, uma das lideranças da comunidade e monitora dos cursos de Gestão de Recursos Hídricos e Gestão de Água para Produção de Alimentos dos programas P1MC e P1+2, diz que essa visita é importante não só para a comitiva, mas também para as/os moradoras/es do Quilombo Sítio Veiga. "A troca de experiência é muito importante, porque é aí onde aprendemos muitas coisas. É importante a gente receber o povo africano porquê muitas pessoas têm a imagem que na África todo mundo passa fome, assim como, durante muito tempo pensavam isso do povo nordestino. Mas a gente sabe que isso não é verdade e estamos lutando para mudar essa imagem que construíram", diz.
No período da tarde a visita ocorreu na comunidade Riacho do Meio, no município de Choró. Os/as africanos/as conheceram a experiência dos consórcios agroecológicos e da certificação participativa da comunidade Riacho do Meio.
Ontem (12), em Quixeramobim, os intercambistas foram na feira agroecológica e seguiram para mais um município do Sertão Central cearense. Em Senador Pompeu, na comunidade Muxintató, em uma só propriedade, foi possível perceber que a convivência com o Semiárido é fruto de um conjunto de ações e conhecimentos que se complementam e se reforçam: cisternas de primeira e segunda água e sistema de reaproveitamento de água de pia e chuveiro, as águas cinzas. Lá, Seu Francisco Linhares, mais conhecido como Seu Chico Leite, e Dona Antônia do Carmo partilharam com os visitantes um retalho da sua história. Ainda ontem o grupo visitou uma casa de sementes comunitária em Ibaretama.
Hoje (12), chegaram no município de Ocara, onde foram conhecer a escola que recebeu uma cisterna de 52 mil litros na comunidade Cristais e conferir mais uma experiência de acesso à água com as tecnologias de reuso de água cinza na comunidade Pau Pereira. Em seguida, foram para o município de Chorozinho para conhecer o biodigestor, uma tecnologia que fez sucesso entre os/as agricultores/as da América Central que visitaram o semiárido paraibano e pernambucano em junho passado. Amanhã, o grupo se reúne em Fortaleza para avaliar estes dias de visita de campo.
O intercâmbio é fruto da parceria entre a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A equipe técnica do Cetra, assim como integrantes de outras instituições que formam a ASA, estão acompanhando a comitiva e colaborando com a realizações das atividades.
* Edição Verônica Pragana, Asacom
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