O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, adiou para hoje a votação do Projeto de Lei (PL) 3729/2004 PL, a Lei Geral do Licenciamento. Alvo de críticas por parte de pessoas e organizações ambientalistas, o PL, caso seja aprovado, piora ainda mais o cenário ambiental no país, que já carece de uma maior fiscalização e punição de setores que degradam de forma desenfreada.
Confira abaixo a nota emitida pelos movimentos do campo sobre o PL:
POSICIONAMENTO DOS MOVIMENTOS DO CAMPO SOBRE A LEI GERAL DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Há vários anos se debate no Legislativo a Lei Geral do Licenciamento Ambiental, com regras de aplicação nacional sobre as licenças que são exigidas previamente à implantação de empreendimentos potencialmente causadores de poluição ou outras formas de danos socioambientais. Os movimentos do campo não têm sido chamados a participar desse processo, comandado na prática pelo empresariado, incluindo a ala mais arcaica do agronegócio, e pelos representantes governamentais da área de infraestrutura. O tom tem sido sempre de flexibilizar, eliminar entraves, retirar exigências. Se os processos de licenciamento ambiental são atualmente bastante complicados em termos de afastar direitos das comunidades rurais e populações indígenas, como no caso de Belo Monte e vários outros empreendimentos, a perspectiva é que a situação ficará bem pior com a nova lei.
Isso ficou bem claro com a divulgação na semana passada do texto elaborado pelo atual relator desse processo na Câmara dos Deputados, Deputado Neri Geller. Como esperado, sua proposta desestrutura todo o licenciamento ambiental no país. Se aprovada, muitos empreendimentos sequer terão licença ambiental prévia ou terão apenas uma licença por adesão e compromisso que, sem exigências, se transforma em em autolicenciamento. Com isso, as comunidades rurais, as populações indígenas e também as populações mais carentes em áreas urbanas serão deixadas sem qualquer proteção. Temos em pauta no Congresso Nacional uma proposta que traz retrocesso e injustiça social, que piora uma situação já bastante problemática em termos de garantia de direitos sociais.
Nesse quadro, exigimos a retirada imediata de pauta do Projeto de Lei nº 3.729/2004 e seus apensos na Câmara dos Deputados. Dizemos NÃO à proposta do Deputado Neri Geller que consagra degradação ambiental e exclusão social.
Assinam:
APIB
APOINME
ARPINSUDESTE
ARPINSUL
Articulação Semiárido Brasileiro – ASA
Associação Brasileira de Reforma Agrária – ABRA
ATY GUASSU
COIAB
COMISSÃO GUARANI YVYRUPA
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração
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