Contexto

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Em um Semiárido com inúmeras desigualdades também são múltiplas as alternativas e estratégias desenvolvidas por suas populações para terem acesso à água e alimentos. Na luta diária pela sobrevivência, várias gerações desenvolveram um vasto e complexo conhecimento a partir da observação da natureza. Aprenderam a arte de conviver com o Semiárido, observando os ciclos das chuvas, a relação delas com o comportamento das plantas, dos animais e as singularidades e características do clima e do solo.

Foi esse conhecimento que possibilitou as melhores estratégias de convivência com o Semiárido, como a cultura do estoque das sementes, que surge da prática de selecionar e guardar sementes adaptadas às características da região por parte de famílias. Tais experiências, que são familiares e comunitárias, têm potencializado e salvaguardado o patrimônio genético do Semiárido.

Aprenderam a arte de conviver com o Semiárido, observando os ciclos das chuvas, a relação delas com o comportamento das plantas, dos animais e as singularidades e características do clima e do solo.

Entretanto, a diversidade de espécies cultivadas e as estratégias para seu uso e conservação estão sob permanente ameaça devido a vários fatores, entre os quais vale destacar:

  • – a ocorrência de sucessivas secas hoje agravadas pelo fenômeno das mudanças climáticas, comprometendo a safras agrícolas e o estoque de sementes para as próximas safras;
  • – a desvalorização do patrimônio genético conservado pelas populações;
  • – a prevalência de políticas públicas orientadas para distribuição de grandes volumes de poucas espécies e variedades comerciais induzindo a erosão genética dos materiais locais e – a substituição por variedades de base genética estreita;
  • – a uniformização de cultivos e sistemas produtivos, baseados na monocultura, gerando vulnerabilidades para a ocorrência de epidemias de pragas e doenças;
  • – a disseminação de sementes transgênicas ampliando os riscos de contaminação genética das variedades crioulas;
  • – a falta de uma estratégia de utilização dessa biodiversidade como forma de geração e trabalho e renda pelas famílias agricultoras do Semiárido.

Ao se articular em redes de casas de sementes comunitárias, a ação dos guardiões e guardiães do patrimônio genético alimentar ganha mais força e robustez para resistir as constantes ameaças à conservação e uso sustentável da agrobiodiversidade, bem como acessar políticas públicas.

Vale ressaltar que várias redes já estruturadas vêm, desde 2004, acessando políticas para recomposição e estabilização do estoque de sementes, sobretudo em momentos de crise, através do acesso a mecanismo de compra e doação simultânea do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Tendo como referência os saberes e as estratégias usadas pelas famílias para conviver com a região, o programa Sementes do Semiárido constitui um marco dentro da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) e da Política Nacional de Segurança Alimentar, validando as estratégias das famílias e comunidades no estoque das sementes.

 

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