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Açude Itans | Foto: José Bezerra |
O Articulador Estadual do Seapac e Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Piancó-Piranhas-Açu, agrônomo José Procópio de Lucena, divulgou dados preocupantes em relação ao volume d’água dos reservatórios Coremas e Mãe D’Água, na Paraíba, e Armando Ribeiro Gonçalves e Itans, no Rio Grande do Norte. Segundo José Procópio, esses reservatórios apresentam, atualmente, “situação pior do que no mesmo período de 2014. Os quatro reservatórios estão na Bacia Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu (BH-PPA).
Segundo os dados, em abril de 2014, o Cremas estava com 34,83% da capacidade, enquanto em abril deste ano apresenta 21,01%. O Mãe D’Água, em abril de 2014, estava com 29%, enquanto em abril de 2015 está com 22,91%. A Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, em abril de 2014, estava com 40,13% da capacidade, enquanto em abril de 2015 está com 30,44%. O Açude Itans, em abril de 2014, estava com 19,9%, enquanto em abril deste ano está com 8,78%. Os dados são da Agência Nacional de Águas (ANA).
O Presidente do Comitê alerta que o sinal vermelho foi acesso e que poderá haver colapso no abastecimento de água sustentados por esses reservatórios. Procópio critica a postura do governo em relação às campanhas de consumo consciente, focando apenas no consumo individual e nas residências. “Segundo dados técnicos de vários estudos, no Brasil, 70% da água é consumida pela agricultura; 22% pela indústria; e apenas 8%, pelas residências. E quando se fala em redução de consumo, só se pontuam os 8% do consumo individual e residências, mas não os 92% da Agricultura e da Indústria”, afirma.
José Procópio afirma que “a lei brasileira de recursos hídricos, de nº 9.433/97, incorporou em seu texto o uso prioritário da água para consumo humano e a dessedentação dos animais, estabelecendo desta forma uma escala e uma hierarquia de valores. Mas não existe na lei a obrigatoriedade da gestão dos recursos hídricos integrada à gestão ambiental”. E acrescenta: “a imprensa tem remetido a “crise hídrica” pura e simplesmente a falta de chuvas. Mas precisamos entender que a questão é mais profunda e envolve a falta de uma boa gestão das águas, o cuidado com rios, açudes, riachos, bacias hidrográficas, vegetação, ecossistema, biodiversidade”, critica.