Projeto de pesquisa em parceria com a ASA já mostra os primeiros resultados

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Iva Melo em entrevista com as famílias | Foto: Daniela Bento.

Agricultores e agricultoras do estado de Sergipe integram desde 2013 o projeto de pesquisa, Sistemas Agrícolas Familiares Resiliêntes a Eventos Ambientais Extremos no Contexto do Semiárido, do Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCTI), em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).

Um dos objetivos desse trabalho é identificar a capacidade de resiliência dos agroecossistemas a partir da introdução das tecnologias de convivência com o semiárido.

Em nível de Semiárido Brasileiro a pesquisa vem sendo realizada com 100 famílias, distribuídas em 10 territórios. Sertão do São Francisco (BA), Ibiapaba (CE), Alto Rio Pardo (MG), Cariri/Seridó e Borborema (PB), Sertão do Araripe (PE), Vale do Guaribas (PI), Sertão do Apodi (RN), Alto Sertão (SE) e Médio Sertão (AL).

Em Sergipe, ela envolve 10 famílias, distribuídas em 04 comunidades: Lagoa da Volta, Linda Flor, Lagoa do Mato e Serra da Piedade, todas localizadas no município de Porto da Folha.

Em cada estado, o projeto envolve a participação de agricultores experimentadores, entidades e parceiros locais, no caso de Sergipe a instituição parceira é o Centro Dom Brandão de Castro (CDJBC).

Constituído por várias etapas, a primeira foi a formação dos pesquisadores/as que atuariam nos territórios, a segunda dedicou-se, aos estudos de casos a partir da construção da linha de tempo dos agroecosistemas, tendo como marco inicial, o período em que a família foi constituída. Foi nesse momento também que as famílias fizeram a partir do conhecimento de cada uma, o desenho de seus agroecosistemas.

A pesquisa encontra-se, portanto, na sua terceira etapa: analise econômica, que compreende um levantamento anual da produção e consumo de cada subsistema, envolvendo produtos e insumos, visando identificar a renda monetária e não monetária do agroecosistema.

Algumas famílias já estão concluindo a terceira etapa | Foto: Daniela Bento.

Das 10 famílias que formam o grupo pesquisado em Sergipe, 04 já estão concluindo a terceira etapa do processo.

A primeira analise dessa pesquisa foi apresentada no Seminário Internacional Construção da resiliência agroecológica em Regiões Semiárida. Das 100 famílias envolvidas na pesquisa 04 foram selecionadas para serem apresentadas. Dentre estas uma de Sergipe. A experiência do agroecosistema, Sitio Verde, em Lagoa da Volta, de Dona Aparecida Silva e Seu Claudionor.

Para Gildo, membro do CDJBC, a pesquisa é um avanço e de suma importância para o Semiárido. Uma vez que ao final fornecerá elementos que possibilita uma maior visibilidade às praticas produtivas de homens e mulheres da região, sob a ótica da agricultura familiar sustentável. Ele ainda destaca que as relações gênero que permeiam a pesquisa também é algo bastante interessante.

Seu Heleno e dona Conceição, da Sitio Imbuzeiro, comunidade Linda flor, é uma das famílias pesquisadas. Para Seu Heleno a pesquisa ganha significado pela possibilidade de apontar políticas públicas necessárias ao desenvolvimento das comunidades rurais. Eles acreditam que se os dados pesquisados virarem de fato documentos para o governo, pode significar um grande avanço para as famílias.

Nas palavras de Iva Melo, pesquisadora bolsista no estado de Sergipe: A pesquisa ajuda a compreender como os agricultores/as vão transformando sua existência a partir de tecnologias de Convivência com o Semiárido, concatenadas com políticas públicas adequadas ao desenvolvimento do campo. De alguma forma, para quem se envolve no processo de pesquisa, é gratificante perceber como as pequenas iniciativas de organização, mobilização e luta vão modificando cenários de dificuldades pelas perspectivas de vida melhor.

Os desafios existem, a posse da terra é o principal deles, mas, a partir da troca de experiência, das inovações produtivas e da inserção de tecnologias para o armazenamento de água, criação e produção de alimentos as famílias vêm conseguindo produzir sua existência de forma mais diversa e consequentemente mais sustentável.

No processo de pesquisa não se apresenta grandes dificuldades as famílias geralmente abrem sua casa e contam com alegria todo o processo de transformação dos agroecosistemas com precisão de dados e fatos históricos.

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