![]() |
Participantes refletiram sobre as Sementes da Fartura. Foto: Paula Andreas – Arquivo ASAcom |
Cerca de 170 mil pessoas no Piauí são beneficiadas diretamente com uma ideia que vem transformando a realidade de famílias agricultoras que tinham dificuldade de ter acesso à água. As tecnologias sociais, frutos dos Programas de Convivência com o Semiárido da Articulação no Semiárido Brasileiro (Asa Brasil) surgem como uma alternativa para o problema da seca no Brasil.
Os dados foram apresentados na palestra “Convivência com o Semiárido – Desafios e Perspectivas”, ministrada no Encontro Estadual do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, pelo coordenador executivo da ASA, Carlos Humberto Campos. Hoje são mais de 33 mil famílias em 140 municípios da região semiárida piauiense que são beneficiadas com os Programas Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) e Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).
Em 12 anos de parceria da Asa Brasil com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS), Ministério do Desenvolvimento Social (MDA) e Cooperação Espanhola já foram investidos, no Piauí, 79 milhões de reais. Hoje são 35.933 mil implementos beneficiando diretamente 168.510 pessoas no semiárido piauiense.
Para Carlos Humberto, esses programas de convivência com o Semiárido vão contra a velha ideia de que a região semiárida é um local impossível de viver por ser este um lugar onde não chove, de natureza morta, do castigo divino, do destino incerto, o que por muito tempo incentivou o êxodo rural. Ele explica que a ASA, com seu projeto de descentralização/democratização da água através das cisternas de consumo humano e pelas várias modalidades de captar a água para a produção, vem mostrando que essa realidade está sendo transformada.
Carlos Humberto defende que a superação da pobreza e da insegurança alimentar e nutricional não serão superadas, se a água não for repartida e seu uso democratizado, “com essas tecnologias de captação de água da chuva para consumo humano e produção de alimentos, essas famílias agricultoras começam a sair da pobreza, produzem alimentos e desenvolvem sua própria segurança alimentar e nutricional; tornam-se cidadãos; crescem na autonomia; não trocam votos por água ou alimentos; empregam o tempo de busca da água para outras atividades, políticas, sociais e econômicas”, defende Carlos.
SEMENTES DA FARTURA – A abertura do Encontro Estadual do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido fez uma reflexão sobre a importância da preservação das sementes para a conquista da segurança e soberania alimentar na região semiárida. O Encontro Estadual está sendo realizado desde ontem (20), no Prédio da Obra Kolping, em Teresina, e vai até o meio-dia desta sexta-feira (21), trazendo como tema “Convivência com o Semiárido – Trajetórias de luta e resistência para a superação da pobreza e construção da cidadania”. O evento é um preparatório para o EnconASA, o Encontro Nacional da Articulação no Semi-Árido (ASA), que será realizado em novembro, na cidade de Januária, em Minas Gerais.
No Piauí, as chamadas Sementes da Fartura são indispensáveis para a convivência com o Semiárido e representam o fortalecimento da agricultura familiar de base agroecológica, a segurança do nosso bioma e uma ferramenta para enfrentar os graves problemas das mudanças climáticas.
As sementes que compõem o patrimônio genético no Piauí são produtivas e resistentes – adaptadas ao Semiárido e independentes de adubos químicos e agrotóxicos. “Por isso são tão valorizadas pelos agricultores e agricultoras, porque representam a sobrevivência de milhões de famílias. É a riqueza de hoje e a esperança de amanhã”, ressalta José Maria Saraiva, coordenador do P1+2, pelo CERAC.
A valorização das sementes representam hoje uma oportunidade de se configurar uma nova lógica de mercado, que priorize a cultura das comunidades rurais, pontua Joyce Maia, coordenadora da FETAG no município de Picos. “O atual modelo de desenvolvimento não contempla as particularidades dos grupos e comunidades que moram no campo. As sementes são uma oportunidade de criação de um novo modelo de produção e comércio que favoreça aos agricultores e agricultoras”.
Clique aqui e veja mais fotos do evento.