Nos dias 30 de junho e 1º de julho, o Fórum de Convivência com o Semiárido do Vale do Jequitinhonha realizou mais uma de suas reuniões, porém com um propósito diferente dos habituais debates e socializações. Na quinta-feira, 30, representantes da sociedade civil de 11 cidades do Vale do Jequitinhonha fizeram um intercâmbio pela cidade de Itinga, visitando tecnologias sociais implantadas pela ASA no município.
O Fórum do Vale é o espaço de discussão, onde as entidades do Vale se reúnem para debater as estratégias de convivência com o Semiárido e o acesso da população às políticas públicas.
A intenção da visita era principalmente capacitar técnicos e agricultores para os ambientes adequados para executar as tecnologias tanque de pedra e barragem subterrânea e mostrar como tais tecnologias têm transformado a vida de muitas famílias beneficiadas pela água que elas fornecem.
A primeira casa conhecida pela turma foi a de seu Alaíde Silva e dona Vera Lúcia Silva, da comunidade Nova Esperança. Com a chegada das cisternas de placas e calçadão, eles transformaram a terra seca num quintal cheio de árvores frutíferas cujos frutos alimentam a família.
A segunda parada foi na casa de dona Diolinta Ferreira, na comunidade Gameleira, onde foi feito o tanque de pedra, uma piscina natural que leva água a oito famílias da comunidade. Com essa água, dona Diolinta que é um dos beneficiários e mantém sua enorme horta que fornece hortaliças para as feiras das cidades de Itinga e Araçuaí durante o ano todo. Segundo seu filho Tiago, a família alcança uma renda de R$400,00 semanais, cerca de R$1.200,00 mensais.
A família de seu Domingos, o seu Minguinho, foi a última a ser visitada, mas não menos especial. Na propriedade, onde foi construída uma barragem subterrânea, em plena seca pudemos ver o contraste feito pelo verde das plantações de arroz, feijão, hortaliças, banana, entre outras, que ajudaram seu Miguinho e sua família a nunca mais precisar migrar.
“Com tanta água na porta de casa, a gente pode fazer tudo o que sempre sonhou. Hoje, tudo o que a família consome a gente colhe aqui mesmo e as coisas que não temos, como açúcar, é só trocar na rua. A gente ganha de todo jeito, na qualidade, na quantidade e na variedade”, garante seu Minguinho.
Durante a visita os coordenadores do P1+2 e P1MC, José Nelson e Valdecir Viana, iam chamando a atenção dos participantes para as condições das propriedades para que fosse possível a implantação das tecnologias e a importância da organização popular para tanto sucesso. Todos saíram maravilhados dessa experiência.
À noite, todos se divertiram na noite cultural ao som da banda de adolescentes de Itinga e se maravilharam com peças de artesanato em madeira feitas por José Marques e belas bonecas de palha, retalhos e sementes feitas por Lena.
Na avaliação final, Grazziane Ramos, da Cáritas Diocesana de Almenara afirmou que essa iniciativa não é o bastante para a formação técnica, mas já é um incentivo para que nas visitas de campo haja um olhar sobre tais condições, para que outras entidades possam contribuir para o sucesso da agricultura familiar por todo o Vale do Jequitinhonha.