Devastação atinge 45% da caatinga

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BRASÍLIA – O Ministério do Meio Ambiente divulgou, ontem, dados sobre o desmatamento da caatinga, bioma dominante na Região Nordeste. Dos 826.411 quilômetros quadrados a caatinga perdeu 45,39% de sua cobertura vegetal original, ou seja, 375.116 quilômetros quadrados.

Os Estados que mais desmataram foram Bahia e Ceará, destruindo respectivamente 0,55% e 0,50% do bioma entre 2002 e 2008. Nesse período, 2% do bioma foram queimados, uma área de 16.576 quilômetros quadrados. Entre 2002 e 2008, a taxa média anual de desmatamento foi de 2.763 quilômetros quadrados.

Segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a principal razão é a falta de alternativas energéticas para a região. No Nordeste, a vegetação é derrubada especialmente para fazer lenha e carvão. “Tem que haver alternativa. Sem alternativas energéticas a guerra é muito complicada e dificilmente vamos acabar com esse desmatamento.”

Grande parte do carvão explorado na região abastece siderúrgicas de Minas Gerais e Espírito Santo. O produto também alimenta o polo gesseiro e o de cerâmica do Nordeste. “Estamos transferindo o uso da caatinga para atividades que não são sequer exercidas na região. Grande parte da riqueza também não permanece no Nordeste”, disse Maria Cecília Wey Brito, secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente.

O ministério listou os 20 municípios que mais desmataram a caatinga entre 2002 e 2008. As sete cidades que lideram o ranking são da Bahia e do Ceará: Acopiara (CE), Tauá (CE), Bom Jesus da Lapa (BA), Campo Formoso (BA), Boa Viagem (CE), Tucano (BA) e Mucugê (BA).

A exemplo do que acontece na Amazônia, caatinga e cerrado deverão ganhar planos de combate ao desmatamento com ações para inibir atividades de grande impacto e metas de redução da destruição.

Minc defende que 50% dos recursos do recém-criado Fundo Nacional de Mudanças Climáticas (cerca de R$ 500 milhões por ano) sejam destinados para ações na caatinga. A região é mais vulnerável à desertificação e demais efeitos do aquecimento global.

Na opinião do ministro, não haverá solução para a defesa da caatinga sem mudar a matriz energética, com o uso de energia eólica, de pequenas centrais hidrelétricas e do gás natural. O ministro informou que, de hoje até sexta-feira, serão discutidas, simultaneamente em Juazeiro do Norte (CE) e em Petrolina (PE), soluções para combater o desmatamento e investir no uso sustentável da caatinga.

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