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29.08.2007
Vizinhos do Castanhão
Vizinhos do Castanhão

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Por Humberto Santos - Assessoria de Comunicação da Caravana

Moradores de cidade reassentada após a construção contam como é conviver com o açude cheio d'água, mas com o regador vazio

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Nova Jaguaribara + A Caravana em defesa do rio São Francisco e do Semi-Árido + Contra a transposição - visitou a barragem do Castanhão no último dia 26 de agosto. Antes da visita, os membros da Caravana debateram com os moradores de Nova Jaguaribara, as incoerências e a falta de políticas públicas para o Semi-Árido. Océlio Muniz, do reassentamento Acaroba, abriu a discussão dizendo que recebe a Caravana com "tristeza e alegria. Tristeza por conhecer uma realidade de ter muita água, mas de não ter acesso a ela. E alegria por poder participar da Caravana e tentar mudar essa realidade", diz.

O coordenador da Caravana, Apolo Heringer, destacou que quando surgiu o projeto de transposição, parecia uma boa idéia levar água para quem tem sede: o sertanejo; mas, segundo ele, é uma "mentira". E ele continuou: "é um rio com muitos problemas para retirar 127 metros por segundo, o que equivale a 127 mil caixas d+água de mil litros por segundo".

Apolo disse ainda que a revitalização precisa de um projeto "o que o governo tem é uma colcha de retalhos de intervenções. Se querem a revitalização, porque não revitalizam os rios Apodi, Jaguaribe, Piranhas, Açu, Salgado. A transposição não é para beneficiar o povo pobre. Se tivesse uma política pública para o Semi-Árido, nem surgiria a idéia de transposição".

Irmã Bernadete Neves, que há 22 anos acompanha o projeto do Castanhão, disse que "o projeto da transposição pode ser muito bom tecnicamente, mas não contempla o aspecto social". E completou: "nossos três projetos de irrigação deveriam ter iniciado em 1999, mas hoje só tem um funcionando". Ela também questionou: "qual é mesmo a verdade deste projeto? Como fica o Castanhão?".

"Na época da seca somos nós que passamos fome. Não há uma política clara para o Semi-Árido. A água da transposição é para atender a siderurgia. Se todos têm motivos para ser contra, nós, dos movimentos sociais do Ceará temos motivos em dobro", declarou Maria de Jesus, moradora de Jaguaribara e integrante do Movimento dos Sem Terra do Ceará.

O estudante de geografia e dirigente estadual do Movimento dos Atingidos por Barragens (Mab), Iury Charles Paulino, disse que a comunidade já tem o exemplo de como será a transposição, já que existem assentamentos a cerca de quatro quilômetros do Castanhão que não têm água para produzir alimentos. "A barragem não trouxe desenvolvimento do município", afirmou o estudante.

"Estamos ao lado do Canal da Integração e estamos numa sequidão danada", conta Daniel Linhares, presidente da Associação Geral do assentamento Mandacaru. Ele ainda fez um apelo à Caravana: "pedimos que vocês que têm acesso em Brasília, que digam ao presidente Lula que olhe para Jaguaribara, onde muito foi prometido e nada cumprido. A gente veio para cá por causa das promessas e ficamos desmotivados porque elas não são cumpridas".

O presidente do Comitê de Baci