Querido presidente Lula,
Somos Marias, Joões, Josefas, Lindús e Luízes vindos do Semiárido brasileiro para manifestar nossa solidariedade a você que é um dos nossos. Viemos em Caravana, saindo de Caetés-PE no dia 27 de julho, passando por Feira de Santana-BA, Belo Horizonte-MG, Guararema-SP. Viajamos cerca de três mil quilômetros para chegar até aqui, onde permaneceremos em vigília por dois dias (02 e 03 de agosto) no Acampamento Lula Livre. Trazemos também nossa indignação. Dói em nós, povos do Semiárido, vivenciar com você a sua prisão política motivada pelo seu compromisso histórico com os mais empobrecidos deste país e com a classe trabalhadora, pela garantia de justiça social.
Nos preocupa muito o crescente desmonte das políticas públicas que segue de forma acelerada. Temos sentido de forma efetiva o peso dos cortes das politicas sociais e dos programas de convivência com o Semiárido e desenvolvimento rural, também na reforma agrária e na garantia dos territórios dos povos tradicionais, inexistentes neste governo, fruto do golpe de 2016. Sobretudo, testemunhamos a iminente volta do Brasil ao mapa da fome. Reconhecemos que só não vivenciamos tanta mortalidade no Semiárido brasileiro como há décadas, em função da conquista das politicas sociais implementadas durante o seu Governo e da Presidenta Dilma.
Mas viemos aqui, falar de esperança e fé, sentimentos que nutrimos como sertanejos e sertanejas, e que nos movem. Sabemos da sua força e resiliência e por isso, trazemos no peito o reconhecimento por seu empenho e compromisso ético e histórico com as causas e transformações sociais no nosso país.
Temos consciência do seu papel fundamental na mudança da paisagem do Semiárido, antes visto como lugar de miséria, pobreza e incapacidade para um lugar de fartura, de um povo altivo capaz de construir estratégias para conviver com o seu lugar. Trazemos o nosso sentimento de resistência, fruto do aprendizado cotidiano do povo do Semiárido que se reinventa, reposiciona e hoje se constitui como sujeito de sua história.
Levaremos nosso clamor até Brasília, onde construiremos uma agenda política, buscando denunciar todas essas mazelas, encerrando uma jornada de treze dias e mais de quatro mil quilômetros percorridos pelo nordeste, sudeste, sul e centro-oeste.
Sinta o nosso afeto, nosso abraço, nosso carinho, nossa oração e gratidão!
Nunca esqueça que estamos sempre com você.
“É no Semiárido que a vida pulsa, é no Semiárido que o povo resiste!”
Caravana Semiárido Contra a Fome
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