Por Hana Raquel - comunicação do FPCSA
Agricultores e agricultoras se reuniram nas ruas de São Raimundo Nonato na última sexta-feira (22) para participar do 7º Grito do Semiárido. O movimento buscou chamar atenção do poder público para os impactos sociais, culturais e ambientais causados na região com a chegada de mineradoras e empresas de carvoaria. A ação destas empresas é realidade em algumas comunidades quilombolas e no corredor ecológico situado entre o Parque Serra da Capivara e Parque Serra das Confusões.
A manifestação passou pela frente dos principais órgãos que representam os governos municipais e estaduais e reivindicou compromisso das autoridades. Ao final da caminhada os manifestantes participaram de audiência pública na câmara municipal. Lotaram a plenária onde debateram na expectativa de desencadear uma agenda de esclarecimentos e providências relativas aos direitos das comunidades à terra e à água.
O Grito do Semiárido Piauiense é luta popular de agricultores e agricultoras familiares e entidades sociais do Piauí que surgiu no ano de 2011 com a iniciativa da Diocese de São Raimundo Nonato e do Fórum Piauiense de Convivência com Semiárido (FPCSA) de convocar as representações das paróquias e dos setores pastorais, serviços, movimentos sociais, organizações não governamentais e organismos da Diocese de São Raimundo Nonato para discutir as consequências da seca na região.
Carlos Humberto Campos, coordenador do FPCSA e da diretoria executiva da ASA- Articulação do Semiárido Brasileiro, ressaltou a situação de abandono que vivem os povos das comunidades do território Serra da Capivara e lamentou que o Estado tenha estrutura física e pessoal, mas faça a opção de não trabalhar pelo povo. “As grandes empresas derrubam casas, devastam a natureza e contaminam as águas e não aparece um membro do Estado para contestar”. Calos seguiu falando das pequenas obras da ASA, as tecnologias sociais de convivência com Semiárido, como as cisternas que nesse momento estão garantindo a vida digna nas comunidades. “Essa obras são descentralizadas e gerenciadas pelos agricultores e agricultoras e não atende aos interesses das grandes empresas”, conclui o coordenador.
Com o intuito de pautar mais uma vez a problemática da mineração e a ausência de políticas públicas para o Semiárido, a programação do 7° Grito do Semiárido contou com um curso de formação para as famílias que estão nas áreas de atuação das empresas de mineração. O curso foi promovido pelo Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) e tem como objetivo debater a questão mineral e a importância da organização popular para que os povos atingidos falem, denunciem e vão à luta por seus direitos.
O MAM surge de uma acumulação da experiência de espoliação histórica da mineração no Brasil, alinhada às últimas lutas amazônicas em torno da expansão da mineração na região de Carajás e em outros pontos da Amazônia. É um movimento popular não conjuntural, mas que incide perenemente no processo político brasileiro, no que tange às destinações e apropriações dos bens naturais desse País. Atualmente, o movimento se organiza em nove estados (Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Piauí, São Paulo e Tocantins) e mais o Distrito Federal.
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