Por Emanuela Castro - Casa da Mulher do Nordeste
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A expressão “guardiã/guardião de sementes” não é algo novo. Desde os primórdios das civilizações, existe uma cultura de armazenamento das sementes, por agricultores/as, com a finalidade de garantir a conservação das espécies e sua existência no futuro. Diante da experiência nessa temática, a Casa da Mulher do Nordeste, através da parceria com o Programa Semear (FIDA/IICA/AECID), por meio do Edital de Apoio a Propostas de Gestão do Conhecimento em Zonas Semiáridas, realizou, nos dias 24 e 25 de novembro, um intercâmbio entre o Grupo de Mulheres de Curralinho, sediado em São José do Egito (PE), e o grupo da Comunidade Maracajá II de Queimadas (PB), a fim de promover a troca de experiências nos temas de armazenamento e Banco de sementes.
“É com grande satisfação que recebemos mais um grupo de mulheres. Sabemos que não é uma experiência fácil, mas não podemos desistir”, explicitou Ana Paula, agricultora e secretária do Sindicato de Agricultores de Queimadas, durante a abertura das atividades.
A visita contou com a presença de Luciana Pinto, consultora do Semear, que ressaltou que este é um trabalho de “formiguinha”, mas que é possível enxergar os resultados. Tal qual um efeito cascata, o processo de conscientização das mulheres, agora, gera multiplicadoras que propagarão seus conhecimentos adquiridos para comunidade, para outras mulheres. “É uma transformação individual com potencial de repercussão em uma parcela significativa da sociedade”, conclui.
Intituladas “Sementes da Paixão”, na Paraíba, as sementes crioulas, mais do que uma fonte de subsistência para a comunidade, representam a identidade cultural de um povo. Através delas é possível entender desde a história até o potencial agrícola de determinada região. Hoje, o grupo do Pólo Borborema já exerce o papel de multiplicadores do processo de armazenamento.
Na visita ao depósito de sementes, as mulheres puderam ter contato com a variedade armazenada, “ela tem semente de milho branco. Há muitos anos que não via desses”, disse uma delas. “Tudo é muito organizado, bem guardado. Desse jeito faz gosto de ver. Espero que consigamos fazer desse mesmo jeito lá em Curralinho”, disse outra. Outro detalhe que chamou atenção foi sobre a parte mais burocrática do Banco, demonstrando que tudo depende de muita organização e cooperação dos associados para que o processo flua. “Como vocês podem ver, temos um carnê em que colocamos a data que o produtor pegou as sementes, qual semente, quanto foi e quando devolveu. Temos toda uma dinâmica que precisa ser respeitada para que dê certo”, disse Silvinha, do Grupo Sementes da Paixão.
Por fim, as pernambucanas voltaram para seu território com algumas sementes e uma bagagem enorme de conhecimentos para por em prática aquilo que aprenderam.
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