Direito e volta às aulas
29.07.2021
Em webinário, ASA, UNICEF e gestores escolares defendem o acesso à água e à higiene na volta às aulas como um direito humano
Evento online reuniu cerca de 100 participantes, e contou com a participação do professor - pesquisador da Fiocruz Alexandre Pessoa, que destacou a importância da união para a volta às aulas com mais segurança

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Por Adriana Amâncio - Asacom

Alexandre Pessoa professor e pesquisador da Fiocruz destacou a importancia da união entre agentes públicos e sociais na volta às aulas - Imagem reprodução Zoom

O projeto Água, Saneamento e Higiene encerrou as suas atividades no município de Goiana, na região da Mata Norte de Pernambuco, no último dia 27,  promovendo um debate sobre o acesso à água e à higiene na volta às aulas como um direito humano que todas as pessoas devem fazer valer. Nessa direção, o professor - pesquisador da Fiocruz Alexandre Pessoa, que falou sobre os cuidados com a higiene na volta às aulas, destacou que “a articulação entre agentes públicos e agentes sociais é fundamental. É isso aqui. Aqui tem agentes públicos e sociais. Dessa forma cria potência e faz a pedagogia do cuidado avançar”.

Cem participantes, entre gestores escolares das redes pública municipal e estadual, além de representantes da Articulação Semiárido Brasileiro, ASA, UNICEF e da Klabin participaram do evento, transmitido pelo canal da Articulação Semiárido no Youtube. O debate encerrou as ações do projeto, que envolveu a instalação de kits de higiene em 13 escolas municipais que atendem às áreas urbana e rural, atividades educativas e de comunicação. A ação foi realizada pela ASA, a partir de uma iniciativa do UNICEF, como uma resposta à pandemia da Covid-19. 

“O novo normal é um desconhecido, por isso é preciso dar as mãos”, afirmou o secretário de Educação e Inovação de Goiana, Fernando Veloso. Ele também reconheceu que “Goiana tem um problema de acesso à água antigo, problema com a estrutura de abastecimento, que é algo que nós precisamos resolver”, afirmou. Fernando considerou que o trabalho da ASA e UNICEF , por meio do projeto Água, Saneamento e Higiene, é fundamental, porque chama a atenção para a questão da água. 

O direito ao acesso à água foi o ponto central da fala do membro da Coordenação Executiva da ASA, Alexandre Pires, que levou em conta o público presente que reside fora da região semiárida. Além disso, relembrou que este foi o elo que uniu ASA e UNICEF, há mais de duas décadas, para a construção das cisternas de 16 mil litros, que, hoje, beneficiam cerca de um milhão e 200 mil famílias. A parceria foi reafirmada com este reencontro no município de Goiana. 

“Está no nosso DNA, está no nosso sangue, tá nosso fazer cotidiano, o debate, a luta em defesa do acesso à água para todos os povos do Semiárido. Agora, com essa experiência em Goiana, a gente dá uma ampliadinha para dizer que nós estamos com esta ação em todos os cantos”, afirma. 

O professor - pesquisador Alexandre Pessoa, em outro ponto da sua fala,  reforçou o papel estratégico da água, especialmente na volta às aulas em plena pandemia. “A água, neste momento, é uma barreira sanitária contra à Covid”, destacou. Por essa razão, ele destacou que a consciência sobre a importância de ampliar a oferta de água deve ser um aprendizado da pandemia.

Alexandre falou ainda sobre os impactos positivos do Programa Cisternas nas Escolas e lamentou a política de fechamento das escolas rurais, que passa por um processo de nucleação das escolas nos espaços urbanos, o que, segundo ele “desterritorializa as crianças e adolescentes rurais para estudar nos espaços urbanos, um contexto fora das suas realidades”, enfatizou. 

Seguindo o raciocínio de Alexandre, a Oficial de Educação do UNICEF, Verônica Bezerra, destacou uma série de vulnerabilidades agravadas pela pandemia, entre elas o aumento do abandono e da evasão escolar, aumento da exposição às violências doméstica, física e sexual e interrupção de serviços essenciais como a alimentação escolar. Dentre os dados repassados, destacou a falta de abastecimento de água em três de cada dez escolas brasileiras e a ausência de rede de esgoto em quase cinco de cada dez escolas, apontadas no Censo Escolar 2018.

De acordo com Verônica, muitas escolas não têm acesso à água. O UNICEF identificou treze escolas com um perfil de vulnerabilidade em relação ao acesso à água.  “E, aí, nesse universo o UNICEF, com apoio da Klabin, e a ASA com toda competência para discutir água, saneamento e higiene para as escolas e com as escolas. Então, não é um movimento de entregar algo às escolas, mas de viver com a escola uma experiência que é pedagógica também”, conclui.

O projeto Água, Saneamento e Higiene, que contou com as parcerias das Secretarias de Comunicação e de Educação e Inovação de Goiana, vai beneficiar 1.313 estudantes de escolas municipais, sendo 928 das áreas rurais. Os kits de higiene são compostos por pia móvel, sabonete líquido e em barra,  álcool em gel e a 70%, máscara e absorventes.