Higiene e pandemia
01.07.2021
ASA e Unicef capacitam cerca de 50 profissionais de educação de Goiana (PE) para volta às aulas
Atividade marca o início do projeto Wash, que vai distribuir kits de higiene e de proteção individual e realizar ações educativas de prevenção à Covid-19

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Por Adriana Amâncio - Asacom

Grupo discutiu desafios da educação surgidos na pandemia e a importância da higiene na volta às aulas - Foto: Reprodução Zoom

Assegurar o Direito Humano à água e à higiene para crianças e adolescentes da rede pública municipal de ensino se tornou ainda mais urgente devido à pandemia da Covid-19. Para reforçar as ações neste sentido, a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência (Unicef) realizam nas escolas públicas de Goiana o projeto Wash - Água, Saneamento e  Higiene.  O projeto foi lançado  ontem, 30 de junho, com a realização da capacitação “A volta às aulas no contexto da pandemia”, direcionada a  50 profissionais de educação das 13 escolas da rede municipal, que atendem às áreas urbana e rural do município.

O evento foi facilitado pelo assistente social Everton Andrade e também contou com a participação da especialista em Saúde e HIV do Unicef, Jane Santos, e da equipe técnica da ASA à frente do projeto. A iniciativa, destacou Rafael Neves em sua saudação inicial, marca o reencontro da ASA e do Unicef, uma das organizações que participou da criação da Articulação, há cerca de 20 anos, com o intuito de levar água para a população do Semiárido. Segundo ele, hoje, 1 milhão de famílias no Semiárido não têm problema com falta de água porque contam com uma cisterna de 16 mil litros.

“ O Unicef e a ASA se encontram nessa luta contra à falta de acesso à água, de acesso  a direitos, especialmente no Semiárido. Como a ASA já faz isso, há mais de 20 anos,  temos expertise para gestar este tipo de projeto [em Goiana]. Essa parceria vai render bons frutos. Em Goiana, o projeto contou com recursos da Klabin, uma empresa localizada no município e que desenvolve vários projetos”, completou.

A especialista do Unicef, Jane Santos, que atua com cerca de 2 mil cidades em todo Brasil, destacou que coordena o projeto  com “muita alegria, muito orgulho, porque está voltando para Goiana, a minha terra natal, após anos trabalhando fora, e porque trabalhar junto com a ASA é muito especial, uma referência mundial, não é nem nacional”. 


Conhecendo o projeto - O Projeto Wash irá reunir mais de 1.300 estudantes da rede municipal de ensino de Goiana, sendo cerca de 950 de 12 comunidades rurais, dentre as quais estão Tejucupapo, onde um grupo de mulheres conhecido como “Heroínas de Tejucupapo” expulsou, um grupo de holandeses que tentou tomar as suas terras. Também fazem parte do projeto as escolas do assentamento de reforma agrária Ubú e o Engenho Diamante, além de outras áreas. 

As ações envolvem a entrega de kits de higiene compostos por pia móvel com armazenamento de água, sabonete em barra e líquido, totem com álcool em gel, álcool 70%, máscaras e absorventes. O projeto também prevê capacitações sobre os cuidados com a saúde na volta às aulas, envolvendo profissionais de educação das escolas participantes e a realização de um webinário que deve contar com representantes de toda rede de ensino estadual, municipal e privada. Serão realizadas ações junto aos meios de comunicação com o intuito de sensibilizar a população sobre a importância dos hábitos de higiene na volta às aulas.

Gestores da educação também discutiram sobre infraestrutura de higiene nas escolas para a volta às aulas - Foto: Reprodução Zoom

O olhar de quem faz a educação - Ao longo do período da manhã de ontem, os profissionais de educação expuseram os desafios e aprendizados surgidos com a pandemia da Covid-19. Dentre os relatos, professores (as) e gestores destacaram, entre os pontos negativos, desde a falta de acesso às tecnologias e à internet até a dificuldade dos pais e mães de acompanharem as atividades dos(as) estudantes. Nos pontos positivos, enfatizaram, dentre outras questões, o contato com a tecnologia e o estreitamento dos laços das famílias com a escola na busca por caminhos para construir e cumprir as atividades escolares. 

No período da tarde, o debate envolveu a temática do acesso à água, a pandemia e a volta às aulas. O facilitador do evento, Everton, iniciou as discussões enfatizando que os/as profissionais de educação devem estar atentos/as ao fato de que, neste período de pandemia, a água e o sabão são os elementos mais importantes. “O fato principal e primordial para combater o coronavírus é o cuidado com a saúde, cuidado com a higiene pessoal. O simples [ato de] lavar as mãos é a maneira mais eficaz de se combater um vírus, que é invisível”, alerta.

A profissional Maria José Gonçalves da Escola Francisco Nicolau afirmou que “a sua escola está preparada para a volta às aulas. Ela também destacou que a escola recebeu capacitações sobre a volta às aulas na pandemia, “mas com essa temática da higiene, essa é a primeira”. 

A formadora da Secretaria de Educação e Inovação de Goiana, Alzeni Araújo, adiantou que está sendo pensado um rodízio no retorno às aulas, contudo, o formato está condicionado à estrutura de cada unidade e considerou que a capacitação contribui para fortalecer esse plano de volta às aulas.  

“Esse momento que vocês estão fazendo aqui é ótimo para que cada gestor possa fazer essa reflexão e já ir se organizando, que eu creio que eles já estão fazendo isso. Mas essa chamada, essa formação é justamente para dizer: ‘Tá aí às portas, viu, vamos voltar, vamos deixar tudo arrumadinho, e se tiver dificuldades, é justamente para procurar soluções para tentar resolver”, completa.

 

O cuidado com as meninas - Os profissionais de educação consideraram importante a distribuição de absorventes prevista no projeto. A gestora da Escola São Thomaz de Aquino, Janaina Silva, disse que refletiu sobre a questão pela primeira vez, ao ser estimulada pelo projeto. “No questionário [do projeto] que a gente respondeu, na devolutiva, eu não assinalei que tinha absorvente na escola. Ao menos aqui no São Thomaz, eu não tenho essa faixa etária, mas a gente não sabe, hoje, a juventude está tão avançada, então ter o material na escola é importante.”, afirmou.

A gestora Alzeni disse que tomou conhecimento de uma situação na qual muitas meninas não iam para escola por causa do absorvente, com vergonha porque não tinham o absorvente, muitas tinham que usar absorvente ou até pano. “Eu achei muito legal esse cuidado com as meninas!”, avalia entusiasmada.