As inovações camponesas também estão presentes nos trabalhos acadêmicos e populares no 13º CBA

Compartilhe!

Verônica Pragana | Asacom

As experiências dos territórios agroecológicos aportaram no 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia também nas apresentações de trabalhos acadêmicos e populares. Nesta edição, que aconteceu na semana passada (15 a 19), houve a criação de mais um eixo para acolher os estudos, pesquisas e relatos de experiências sobre as inovações camponesas e tecnologias sociais, ambas fundamentais na promoção da agroecologia.

Na tarde do sábado (17), houve apresentação de 93 trabalhos escritos do eixo 18, que comporta este tema. Antes, outros 11 relatos de experiências populares em vídeo foram apresentados. Em cada sala, uma riqueza de experiências compartilhadas. Ao todo, foram 101 trabalhos deste eixo num universo de 3 mil experiências sistematizadas no Congresso.

De vários lugares do Brasil, os trabalhos e relatos do eixo 18 versavam sobre reecatingamento, uma técnica que chamou muita atenção neste CBA que acontece no Vale do São Francisco, um território que tem construído muito conhecimento neste método a partir do protagonismo das comunidades tradicionais. Vários trabalhos focavam nas sementes e mudas, criação de animais, reuso de águas cinza, cuidado com a água, entre outros temas.

Plantação de água

Gabriel Sales fala do ciclo da água para depois tratar das tecnologias “plantadoras de água” no Espírito Santo | Foto: Ayrton Latapiat – Retake/Arquivo ASA



Uma das experiências apresentadas foi sobre “plantação de água”, uma iniciativa que associa várias técnicas para reverter a escassez hídrica no município de Alegre, no Espírito Santo. “Nos inspiramos no sistema dos Incas, no Peru, para segurar água nos topos dos morros, no sistema chinês, que faz uma contenção da água no solo, muito usado para plantio de arroz, e no sistema do Nordeste brasileiro que capta e armazena água da chuva a partir de cisternas”, explicou Gabriel Sales, que fundou há 10 anos a Associação Plantadores de Água, junto a outras pessoas.

O tema desta edição do Congresso articula a agroecologia com a convivência com os territórios e a justiça climática. “Precisamos de agroecologia nos territórios para ter justiça climática no planeta”, defendeu Paulo Petersen que faz parte da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA). A primeira reúne os movimentos, redes e organizações sociais cuja prática é fortalecer a agricultura agroecológica. E a ABA é o braço acadêmico da agroecologia e realizadora do CBA a cada dois anos.

Quem organizou o CBA

Com mais de 5 mil pessoas inscritas, o 13º CBA teve a organização de um conjunto de organizações: Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), Serviço de Assessoria a Organizações Populares (Sasop), Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Universidade do Estado da Bahia (Uneb de Juazeiro), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos e Pequenas Agricultoras (MPA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE) e Rede de Agroecologia Povos da Mata. 

O Congresso conta patrocínio da Fundação Banco do Brasil e do BNDES e apoio do Governo Federal por meio dos Ministérios da Saúde, Igualdade Racial, Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, e Desenvolvimento e  Assistência Social, Família e Combate à Fome, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e FioTec, e Prefeitura Municipal de Juazeiro; e Governo do Estado da Bahia, por meio do Programa Bahia sem Fome e Bahia Turismo.

Conta também com a contribuição de representantes de diversas organizações, redes e articulações da sociedade civil, instituições de ensino, movimentos sociais populares e comunidades tradicionais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *