“Hoje produzo uma grande diversidade de alimentos que entrego ao PAA e PNAE, garantindo uma renda maior”, destaca agricultora mineira 

O fomento rural, recurso destinado às famílias atendidas pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), executado pela Cáritas Diocesana de Araçuaí, tem transformado a vida das famílias do Semiárido em Minas Gerais.

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Texto e imagens: Cléia Silva - Cáritas Araçuaí

Selo da série Água e Fomento Rural: caminhos de transformação no Semiárido.

Caraí, Vale do Jequitinhonha (MG) – O fomento rural, recurso destinado às famílias atendidas pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), executado pela Cáritas Diocesana de Araçuaí, tem transformado a vida das famílias do Semiárido em Minas Gerais. O programa tem como objetivo melhorar a capacidade produtiva e gerar renda às famílias do campo, garantindo segurança alimentar e nutricional.

Em mais uma matéria da série Água e fomento rural: caminhos de transformação no Semiárido, iremos ao município de Caraí, Vale do Jequitinhonha–MG, onde vivem o agricultor Rogério Oliveira e a agricultora familiar Gláucia Pereira. Nesse município, as famílias enfrentam a falta de chuva, resultando em uma série de  desafios para a agricultura familiar.

Rogério Vieira de Oliveira tem 40 anos e é agricultor familiar da comunidade Água Branca
Gláucia Matos Pereira tem 52 anos e é agricultora familiar da comunidade de Rochedo

A partir da chegada dessas duas políticas públicas: Programa Cisternas e Fomento Rural do governo federal, a perspectiva de viver e produzir no campo vêm melhorando. O fomento tem sido importante na vida dos agricultores e agricultoras, já que incentiva a produção sustentável e a diversificação da produção agrícola Também promove a segurança alimentar e a geração de renda, sendo essa uma estratégia fundamental para os ajudar a superar a pobreza.

Rogério e Glaúcia receberão o fomento no valor de R$4.600,00 dividido em duas parcelas para aplicar no projeto produtivo em seu agroecossistema. Eles já receberam a primeira parcela e usaram o recurso para investir  em infraestrutura, equipamentos e insumos como tela, sombrite, carrinho de mão, bola de arame, fio de energia e postes a serem utilizados na horticultura e no cercamento da cisterna, ampliando sua capacidade produtiva.

Diversificação do agroecossistema

Rogério e Glaucia produzem de forma diversificada em seus agroecossistemas com plantios de hortaliças (alface, couve, beterraba, cebolinha, cebola de cabeça, coentro, cenoura, jiló, chuchu, inhame, tomate e pimentão), frutíferas (laranja, tangerina, mamão, maracujá e banana) e criação de pequenos animais (porcos e galinhas).

Essa diversidade é de grande importância tanto do ponto de vista ecológico quanto econômico porque promove o aumento da resiliência do sistema, equilibra em relação ao ataque de pragas e doenças, aumenta a fertilidade do solo, além de conservar a biodiversidade e uso mais eficiente dos recursos naturais.

Rogério e sua companheira Marcia Andrade de Oliveira, também agricultora familiar, em meio a sua produção 

No trabalho familiar, Rogério divide as tarefas com Márcia, sua companheira, Ela, juntamente com Rogério, é protagonista na gestão da produção de alimentos e liderança nas atividades agrícolas, desempenhando um papel crucial na preservação dos saberes tradicionais da família. 

Eu faço de tudo um pouco, além de ajudar na horta. Nós dois somos os parceiros da horta, onde ele mexe eu estou junto”, diz Márcia. 

Acesso aos mercados institucionais

Glaucia e Rogério entregam sua produção para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e perceberam que as entregas melhoraram bastante com a chegada do fomento, pois eles conseguiram aumentar a produção. Glaucia iniciou as entregas por volta de 2022, no PAA, e no PNAE há aproximadamente, um ano e meio. Já Rogério começou a acessar os programas há cerca de um ano. 

As entregas de Rogério e Glaucia alcançam uma periodicidade quinzenal. No PNAE, Glaucia entrega 4 vezes ao ano, já no PAA as entregas são quinzenalmente durante 7 meses ao ano.  Eles  entregam repolho, coentro, inhame, tomate, mamão, banana, laranja, maracujá, chuchu, mandioca, batata doce, beterraba, cenoura, pimentão, quiabo, maxixe, alface, banana, milho verde, tomate e vagem. 

Antes eu tinha que trabalhar para outras pessoas através de diárias, hoje não preciso mais, pois, produzo uma grande diversidade de alimentos que entrego ao PAA e PNAE, garantindo uma renda maior. Além disso, tenho oferta de água que garante a minha produção ser irrigada”, ressalta Rogério.

O acesso a esses mercados, PAA e PNAE, é fundamental para famílias que desejam fornecer alimentos para programas públicos de alimentação, promovendo a segurança alimentar no município, garantindo mercado para os produtos da agricultura familiar e incentivando a produção local.

Eu comecei a entregar para o PAA e PNAE na pandemia, mas agora com o fomento minhas entregas aumentaram e eu melhorei bastante a minha renda e minha produção”, pontua Glaucia.  

Água que promove a vida e produção agroecológica no Semiárido

Glaucia e Rogério conquistaram também cada um do P1+2 da ASA a cisterna de 52 mil litros com o apoio do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Fundação Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A tecnologia  garante água para produção de alimentos na época da estiagem. Com a cisterna, eles irrigam a horta e disponibilizam água aos animais. Eles relatam que o problema de falta de água acabou com a chegada da tecnologia social.

A produção dos dois é também agroecológica, o que garante alimentos saudáveis para a família e para quem consome, garantindo ainda a preservação do meio ambiente, justiça social e valorização dos saberes tradicionais.

A chegada da cisterna foi muito importante pra mim. Na época em que comecei minhas plantações, eu cavava na beira do brejo procurando água para molhar as plantas e eu sofria usando regador.  Foi uma maravilha a cisterna, pois consigo criar os bichos e molhar minha lavoura. Eu não tinha outra solução, hoje as coisas para mim são só maravilhas. Minha intenção é só aumentar minhas plantações, pois com a chegada da cisterna de 52 mil litros tudo melhorou”, relata Rogério.

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