ASA na Mídia

Os participantes do Encontro Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional discute de hoje (29) a quinta-feira (1º) os avanços das ações, programas e projetos voltados à segurança alimentar e nutricional realizados pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) em parceria com o governo federal.

Em entrevista ao programa Revista Brasil, o presidente do Consea, Renato Maluf, disse que entre as ações apresentadas no encontro está a apresentação do sistema nacional de segurança alimentar e do projeto que pede a incorporação da alimentação entre os direito humanos previstos no artigo 6º da Constituição.

"O projeto já foi aprovado por unanimidade no Senado e está sendo avaliado na Câmara", disse. "O consea envia ao governo federal deliberações da conferência organizadas segundos nossos eixos prioritários, e o governo nos devolve um documento fazendo um balanço das suas ações em todas essas áreas", completa.

Entre as ações desenvolvidas pelo Consea em parceria com o governo federal estão ações na área da alimentação, como expansão do Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Programa Um Milhão de Cisternas, que já construiu mais de 250 mil cisternas em todo o Nordeste.

Agricultores do sertão de Alagoas estão conseguindo produzir mais depois que começaram a participar de um programa de cisternas desenvolvido por uma organização não governamental. Com água em abundância, fica mais fácil cultivar frutas e hortaliças.

A paisagem é bonita, mas triste. É o reflexo de uma estiagem cada vez mais prolongada. Sem água o solo fica infértil e a vida bem mais difícil. Na propriedade do seu Edésio Alves Melo, o seu Dedé, é uma exceção. Ele planta hortaliças, mandioca, batata, feijão e até frutas. Ele tem pés de melancia, maracujá, coco e mamão.

O capim gigante também nasce bem verdinho. Ele até usa irrigação no cultivo. Parece mágica, mas não é. Há cerca de dois anos, o agricultor, que mora na zona rural de São José da Tapera, foi procurado por técnicos de uma ONG e convencido a construir uma barragem subterrânea na propriedade.

A experiência está dando certo. A barragem funciona há pouco mais de um ano. Com ela os efeitos da seca não comprometem mais a vida de seu Dedé. A água da chuva fica armazenada no subsolo. Na área de cultivo da propriedade passa o riacho temporário. Uma valeta medindo cerca de oito metros de profundidade foi aberta antes do ponto coberto com concreto, o sangradouro.

O seu Dedé faz questão de provar que há mesmo água embaixo. Com um vergalhão ele mede a profundidade do poço de onde bombeia a água para a irrigação.

Graças à barragem subterrânea o seu Dedé voltou a acreditar que a terra no sertão também é fértil. Basta a companhia de outro elemento natural, a água, para ela cumprir seu papel.

“Já é um milagre. Nunca esperei na minha vida, num sertão desses, a situação que a gente vinha trabalhando e sofrendo, passando tempo de dificuldade por água e hoje estamos em cima da água. É muita coisa”, falou seu Dedé.

Na zona rural de Senador Rui Palmeira, no alto sertão de Alagoas, a agricultora Maria Salete Viana cuida dos pés de morango, que dividem espaço com outras plantas na pequena estufa. Do lado de fora, ela planta tomate, pimenta, pimentão, beterraba e berinjela. Água também não é problema na propriedade graças à cisterna chamada de calçadão por causa do piso de cimento construído ao lado. O novo modelo de reservatório melhorou a vida da agricultora.

“A chuva cai no calçadão, desce para dentro do poço, passa para o cano e desce para dentro da cisterna. Se tiver chovendo, isso garante água o ano inteiro”, falou a agricultora.

O objetivo do programa foi construir cisterna de placa para o consumo humano. A partir daí viu-se a necessidade de se por uma cisterna calçadão e as demais implementações que pudessem ajudar o agricultor a melhorar a subsistência em relação à agricultura familiar. As famílias já começaram a melhorar suas qualidades de vida e produzir suas próprias hortaliças sem veneno. Então, aí vem a vontade das pessoas quererem e a aceitação é muito b

Dá gosto ver o brilho nos olhos da agricultora Bernadete Campos Vasconcelos, 49 anos, quando ela recebe algum visitante em sua casa, na pequena propriedade rural da comunidade de Tatauí 4, em Sobradinho, norte da Bahia. Afinal de contas, não é todo mundo que pode dar-se ao luxo de servir um café da manhã à sombra de um umbuzeiro centenário.

Mas a árvore não é o único motivo de orgulho da agricultora e de sua família. Ao passear pela propriedade - onde vive com a mãe, o filho Alex, mais a nora e três netas - dona Bernadete vai mostrando como tudo ali é verdinho. Nem parece que se está em pleno semiárido nordestino, região marcada pela forte insolação e por chuvas escassas.

O terreno, de 100 hectares, é ocupado por uma variedade de culturas: macaxeiras, coentro, feijão, milho, sorgo, couve, batata-doce, cebolinha, tudo florescendo em seu devido tempo. Já a criação de cabras e ovelhas é confinada numa área de 55 hectares.

E dizer que, até pouco tempo atrás, o local era uma tristeza. Na época, no período de chuvas - o "inverno" local -, aguardado para começar lá pelo mês de dezembro, mas que muitas vezes demora para chegar, desta terra só brotavam mirrados pés de milho e feijão. A criação era, como diz o sertanejo, do tipo "sanfona". As cabras e ovelhas ganhavam um pouquinho de peso no inverno, para definhar completamente nos meses de seca brava. Muitos animais morriam pelo caminho. "A água só chegava uma vez por mês, em caminhões-pipa. Não dava para quase nada."

Programa Uma Terra e Duas Águas

O que está acontecendo hoje em dia na roça de dona Bernadete não é um caso isolado. Trata-se de um resultado, bem-sucedido, do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) desenvolvido pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), rede formada por centenas de entidades da sociedade civil que, em linhas gerais, propõe a convivência racional com o semiárido por meio da promoção e implementação de políticas públicas adequadas à região.

Na verdade, o P1+2 é uma extensão do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), projeto também gerido pela ASA a partir de julho de 2003, com o objetivo de beneficiar cerca de cinco milhões de nordestinos, oferecendo água de qualidade para consumo humano, captada das chuvas por meio de calhas instaladas nos telhados das casas, e armazenada em cisternas com capacidade de 16 mil litros.

O "P1" do Uma Terra e Duas Águas - implementado em 2007, com a instalação de unidades-piloto em pequenas propriedades rurais de vários estados nordestinos - significa garantia de acesso a terra aos agricultores. O "+2" representa os dois tipos de água que o sertanejo necessita para sobreviver: uma para consumo humano e outra para produção de alimentos.

"Para se beneficiar do P1+2, o agricultor precisa ter em sua propriedade a cisterna doméstica", explica José Carlos dos Santos Néri, um dos instrutores do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), ONG sediada em Juazeiro, BA, responsável pela coordenação do programa na região.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) vai repassar cerca de R$ 60 milhões para a Articulação do Semiárido (ASA) construir 31.860 cisternas na região, das quais 110 em escolas públicas rurais.

O objetivo é possibilitar o armazenamento da água da chuva e, assim, minimizar os efeitos da seca. A expectativa do MDS é que, no total, 70 mil cisternas sejam construídas no Semiárido até o final de 2010.

Segundo o coordenador-geral do Programa de Cisternas do ministério, Igor Arsky, a construção de poços em escolas começou em 2009, na Bahia, para combater os problemas que os colégios enfrentavam por causa da falta de água.

“Agora estamos ampliando, vão ser [atendidas] 110 escolas na zona rural, porque identificamos que elas têm os mesmos problemas que a comunidade. Vamos atender a escola para melhorar a qualidade da merenda, do lanche”, disse.

De 2003 a janeiro de 2010, o ministério apoiou a construção de 338 mil cisternas beneficiando 1,3 milhão de pessoas no Semiárido, que é formado pelos estados de Alagoas, da Bahia, do Ceará, de Minas Gerais, da Paraíba, de Pernambuco, do Piauí, Rio Grande do Norte e de Sergipe.

'A cisterna é uma verdadeira revolução para a família do Semiárido, ela muda a perspectiva de vida dessas pessoas”, afirmou o coordenador.

A cisterna de placas é uma construção de baixo custo e técnica simples, feita de placas de cimento pré-moldadas, construídas na própria comunidade, com formato cilíndrico, coberta e semienterrada. Seu funcionamento prevê a captação de água da chuva, aproveitando o telhado da casa, escoando através de calhas (bicas) até o reservatório. Cada cisterna tem capacidade de armazenar 16 mil litros de água, quantidade suficiente para uma família de 5 pessoas beber, cozinhar e escovar os dentes, por um período de 6 a 8 meses – época da estiagem na região.

[EcoDebate] Enquanto as obras da transposição do São Francisco avançam, pondo em evidência suas contradições, a Articulação no Semi-árido Brasileiro (ASA), completa dez anos. De 22 a 26 acontecerá o ENCONASA (Encontro Nacional da ASA), em Juazeiro, Bahia.

A ASA trouxe para o cenário nordestino o que alguns estudiosos, inclusive Celso Furtado, já indicaram há muitos anos atrás. É possível “conviver com o clima semi-árido”. E o próprio Celso Furtado, na criação da SUDENE em 1959, já dizia que “as populações mais vulneráveis ao clima eram as dispersas pelo sertão nordestino”. Portanto, ele sabia que o industrial, fazendeiro, pessoas de posse, não sofriam os impactos do clima, porque tinham condição de enfrentá-lo adequadamente.

O que a ASA fez, numa articulação de aproximadamente setecentas entidades, foi pôr em prática – com uma série de tecnologias apropriadas à região, acompanhado por um trabalho educacional -, a lógica de convivência com a região e não de combate à seca. Promoveu dois programas básicos que vão à raiz do problema fundamental dessas populações, isto é, a fome e a sede.

O programa P1MC (Projeto um milhão de cisternas) e P1+2 (Projeto uma terra e duas águas) tem por foco exatamente abastecer essas populações com segurança hídrica e segurança alimentar. As tecnologias de captação de água de chuva, tanto para beber como para pequenos cultivos ou para dessedentar pequenos animais, tem dado um resultado fantástico, mesmo estando longe de serem concluídos. Hoje, segundo dados oficiais, foram construídas aproximadamente 340 mil cisternas para abastecimento humano e outras para cultivar pequenas hortas ou dessedentar animais. O impacto na melhoria da saúde dessas populações, no alívio do trabalho feminino de buscar água, como uma certa estabilidade hídrica – tão simples! – fez com que não ouvíssemos mais falar em “saques, migrações intensas, frentes de emergência”, realidades tão tenebrosas até poucos anos atrás. A positividade dessas tecnologias foi testada e comprovada inclusive pela FIOCRUZ.

Para uma real convivência com o semi-árido seria ainda necessário implementar as adutoras para os centros urbanos, como prevê o Atlas do Nordeste da Agência Nacional de Águas (ANA) e fazer uma reforma agrária adequada ao semi-árido. Porém, o governo Lula priorizou a Transposição de Águas do São Francisco, também retirou poder da sociedade civil – doi

Enquanto as obras da transposição do São Francisco avançam, pondo em evidência suas contradições, a Articulação no Semi-árido Brasileiro (ASA), completa dez anos. De 22 a 26 acontecerá o ENCONASA (Encontro Nacional da ASA), em Juazeiro, Bahia.

A ASA trouxe para o cenário nordestino o que alguns estudiosos, inclusive Celso Furtado, já indicaram há muitos anos atrás. É possível “conviver com o clima semi-árido”. E o próprio Celso Furtado, na criação da SUDENE em 1959, já dizia que “as populações mais vulneráveis ao clima eram as dispersas pelo sertão nordestino”. Portanto, ele sabia que o industrial, fazendeiro, pessoas de posse, não sofriam os impactos do clima, porque tinham condição de enfrentá-lo adequadamente.

O que a ASA fez, numa articulação de aproximadamente setecentas entidades, foi pôr em prática - com uma série de tecnologias apropriadas à região, acompanhado por um trabalho educacional -, a lógica de convivência com a região e não de combate à seca. Promoveu dois programas básicos que vão à raiz do problema fundamental dessas populações, isto é, a fome e a sede.

O programa P1MC (Projeto um milhão de cisternas) e P1+2 (Projeto uma terra e duas águas) tem por foco exatamente abastecer essas populações com segurança hídrica e segurança alimentar. As tecnologias de captação de água de chuva, tanto para beber como para pequenos cultivos ou para dessedentar pequenos animais, tem dado um resultado fantástico, mesmo estando longe de serem concluídos. Hoje, segundo dados oficiais, foram construídas aproximadamente 340 mil cisternas para abastecimento humano e outras para cultivar pequenas hortas ou dessedentar animais. O impacto na melhoria da saúde dessas populações, no alívio do trabalho feminino de buscar água, como uma certa estabilidade hídrica – tão simples! – fez com que não ouvíssemos mais falar em “saques, migrações intensas, frentes de emergência”, realidades tão tenebrosas até poucos anos atrás. A positividade dessas tecnologias foi testada e comprovada inclusive pela FIOCRUZ.

Para uma real convivência com o semi-árido seria ainda necessário implementar as adutoras para os centros urbanos, como prevê o Atlas do Nordeste da Agência Nacional de Águas (ANA) e fazer uma reforma agrária adequada ao semi-árido. Porém, o governo Lula priorizou a Transposição de Águas do São Francisco, também retirou poder da sociedade civil – dois projetos citados – para redirecioná-los para prefeituras e governadores. Essa deveria ser a lógica, se não houvesse a indústria da seca até hoje.

Entretanto, há que se caminhar em frente. Diante de novos desafios, como a mudança climática, o “ovo de Colombo” da região semi-árida já foi posto de pé. Apesar de muitas falhas, a ASA tem feito história e tem muito a comemorar, juntamente com cerca de 1,5 milhões de pessoas da região beneficiadas por esse trabalho.

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