Desta terça a quinta-feira (5 a 7), a Articulação no Semi-Árido (ASA) participará do Encontro Mundial de Chaco, em Assunção, no Paraguai. O evento, cujo público estimado é de 350 pessoas, tem como objetivo unir esforços para benefícios para a região, seus habitantes e o meio ambiente. A região do Chaco é formada pelos territórios do Paraguai, Bolívia, Brasil e Argentina. A organização do evento é da Redes Chaco - um espaço de encontro de várias redes trinacionais e organizações com vocação regional.
No Encontro, a ASA será representada por Arivaldo Seyahta, membro da coordenação executiva da Articulação, que participará da mesa temática sobre Água, Sandra Silveira, da equipe técnica da ASA, e Maria Aparecida, uma agricultora ligada ao Movimento dos Sem Terra (MST).
Além da mesa sobre água, a ASA terá um estande na área de exposição do evento, onde divulgará as ações através dos materiais de divulgação como banners, folders e videos, e participará também de uma reunião paralela para apresentação mais detalhada de seus processos organizativos, metodologias e prática a paraguaios, bolivianos e argentinos, inclusive governantes destes países.
A relação do Brasil com a região do Chaco também está sendo firmada através dos governos dos países. No mês de agosto, a ASA recebeu a visita de comitivas do Paraguai e Bolívia convidadas pelo Governo Federal brasileiro para conhecer os programas Um Milhão de Cisternas e Uma Terra e Duas Águas, desenvolvidos pela ASA e parceria com o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), entre outros parceiros.
O intercâmbio com países da América do Sul é estimulado pela Fundação Avina, uma organização de origem espanhola que atua na América Latina fomentando a construção de pontes entre a sociedade civil e as empresas. A Avina é parceira da ASA e tem apoiado ações de fortalecimento institucional e provocado a Articulação para a sistematização de sua experiência para que possa servir de referência para organizações da sociedade civil de outros países que enfrentam o desafio de acesso da população dispersa à água potável, como acontece na região do Chaco.
Segundo Telma Rocha da Avina no Brasil, a Avina tem criado espaços de troca e intercâmbio entre a ASA e as organizações sociais da região de Chaco por acreditar que, devido às similaridades geográficas, os territórios sairão favorecidos com a proximidade e troca de experiências. "No trabalho da ASA temos muito interesse no recorte temático sobre governabilidade democrática da água", comenta Rocha, acrescentando que está em construção uma publicação com modelos de gestão participativa, sendo um deste modelo o trabalho desenvolvido pelas organizações da ASA.
Neste semestre, este é o segundo evento internacional entre países da América do Sul que a ASA é convidada para apresentar sua experiência na democratização do acesso à água na região do semiárida do Brasil. Em agosto, representantes da ASA participaram de um evento sobre gestão comunitária da água na Bolívia.
A região do Chaco - O grande chaco é a segunda região de bosques da América do Sul e se caracteriza pela alta diversidade biológica e cultural. É uma área habitada por povos indígenas, agricultores, famílias afrodescendentes e imigrantes. É uma reserva de água doce, de energia renovável e não renovável, fonte de alimento e possui uma cobertura vegetal importante para o enfrentamento do fenômeno das mudanças climáticas, que vem sofrendo um processo de degradação causada por uma forte exploração dos recursos florestais e energéticos.
No entanto, a região possui indicadores sociais preocupantes: mais da metade da população não tem acesso a serviços básicos e vivem abaixo da linha de pobreza. Isto evidencia a necessidade da criação e implementação de políticas públicas direcionadas para o enfrentamento das causas dos problemas sociais e ambientais.