ASA realiza formação dos monitores pedagógicos do Programa Cisternas nas Escolas

Vindos de sete estados, os 70 participantes acompanharam momentos formativos, informativos, visita a uma EFA e planejamento das atividades

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Verônica Pragana - Asacom


“Estou inundada de coisas boas. Abre-se um mundo novo pra mim da educação contextualizada e do campo. Ficou muito forte em mim a valorização do que temos e do somos. Do que temos referente à potencialidades, fragilidades. E o que somos enquanto sertanejos, nordestinos, pessoas do Semiárido”.

O depoimento é de Ladja Raiany Santos, enfermeira por formação, com especialização em Políticas Públicas em saúde. Com experiência em trabalhos com crianças e adolescentes com deficiência e neurodivergentes, ela atuará como monitora pedagógica do Programa Cisternas nas Escolas no território da organização Cedapp, que tem sede em Pesqueira, Pernambuco.

Ladja participou na semana passada, de 26 a 28 de novembro, da 4ª Oficina de Formação dos Monitores/as Pedagógicos deste programa. É a primeira vez que ela participa de uma formação promovida pela ASA. É não foi só ela que estreou na dinâmica da ASA. Ao todo, 70 pessoas participaram, vindos de sete estados do Semiárido (MG, AL, PE, PB, RN, CE, PI), do encontro em Crateús, no sertão cearense, já perto do Piauí.

À direita, com o microfone na mão, Ladja Raiany, ladeada por representantes das outras organizações da ASA PE que vão executar o Cisternas nas Escolas

Entre as pessoas com mais estrada nas dinâmicas da ASA, estava Miriam Farias, educadora social da organização Patac que atua nos territórios do Cariri e Seridó paraibano. “Foi muito importante estar nesta oficina.” O Patac já implementou 20 cisternas escolares e com esta nova oportunidade voltará a articular, com mais ênfase, os sujeitos do campo com olhar voltado para uma educação de qualidade e enraizada no chão onde as crianças crescem.

“O Cisternas nas Escolas é uma grande oportunidade para nós que estamos na construção do Bem Viver no Semiárido. Porque Bem Viver não se dá só no campo da produção de alimentos. Se dá também no campo da educação, saúde, formações, cultura”, ressalta Miriam.

E o que teve no encontro? – Foram 24 horas de oficina, com momentos diferentes de formação, informação, intercâmbio e planejamento das atividades.

Houve palestra de Lourdes Vicente, professora do Instituto Federal do Ceará, no campus Crateús, e militante na defesa do direito das pessoas do campo de pensar a educação que quer. Depois da fala de Lourdes, foi a vez de Raimundo Clarindo, da equipe de educação contextualizada da Cáritas Crateús, compartilhar a experiência de criação de leis de educação do campo em vários municípios do Ceará. “Ter leis aprovadas é importante, mas é fundamental ter pessoas mobilizadas para defender as escolas no e do campo”, destacou Raimundo.

Visita guiada na EFA Dom Fragoso com educando do 1º ano do Ensino Médio e educador | Foto: Leo Mattus/CAA-NM

Teve também visita a uma Escola Família Agrícola, a EFA Dom Fragoso, referência no Ceará e Brasil, localizada na zona rural do município de Independência, no território do Sertão de Crateús. Esse foi o tempo de fazer os olhos brilharem. Várias poesias brotaram dos participantes como forma de expressar o que sentiram, apreenderam, aprenderam e foram tocados. Abaixo, há uma delas escrita por Euzelir Fidelis.

No dia seguinte, a programação começou com uma reflexão sobre as violências contra as mulheres, fazendo um link com o Dia Mundial de Luta contra esse tipo de violência. Também houve debate sobre uma política pública imprescindível para a educação do campo e da cidade: a Política Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Da cidade de Ipaporanga, vieram Manoel Cláudio Rodrigues de Souza, diretor de PAA do município, e Maria da Conceição Veras, conhecida como Ceça, agricultura familiar, dona de um belo quintal produtivo ao redor de sua casa e fornecedora do PNAE desde 2017. Em 2025, Ipaporanga alcançou uma cota de 40% de compras da agricultura familiar para a alimentação escolar. E, no ano que vem, a meta é ultrapassar os 45%.

Também teve tempo privilegiado na oficina para planejar coletivamente as oficinas e formações previstas na execução do Cisternas nas Escolas. E um momento breve para uma conversa sobre a importância da comunicação popular na defesa da educação contextualizada.

E os desafios? – Independente dos assuntos tratados, várias questões permeavam as trocas buscando caminhos para enfrentar os desafios: Que escolas que temos do campo? Que escolas queremos ter? Como podemos interferir no fenômeno de fechamento destas escolas? Como ampliar e fortalecer os diálogos com as prefeituras municipais?

O Programa Cisternas nas Escolas é uma iniciativa que faz parte do Programa Cisternas, uma política pública federal, que existe desde 2013. A ASA concebeu o programa que atua diretamente nas escolas das comunidades rurais não só para tirar a instituição da situação de insegurança hídrica, mas também para incidir sobre o currículo escolar, trazendo uma perspectiva de educação contextualizada a partir da realidade do Semiárido para as salas de aula.

Desde 2009, a rede ASA já mobilizou mais de 7,3 mil escolas do Semiárido brasileiro, implementando número igual de cisternas de 52 mil litros para consumo humano e também produção de alimentos.

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