Fernanda Cruz | Asacom
Projeto Redes pela Conservação é lançado durante a COP30
Projeto Redes pela Conservação será centrado em iniciativas relacionadas à conservação dos biomas Caatinga, Pantanal, Cerrado, Pampa e Mata Atlântica
O projeto Redes pela Conservação foi lançado na tarde desta terça-feira (18), no Pavilhão Alemão, na Zona Azul da COP30, em Belém (PA). O evento reuniu representantes dos governos da Alemanha e do Brasil, da Caritas Alemã, e parceiros brasileiros envolvidos na ação.
Centrado em iniciativas relacionadas à conservação dos biomas Caatinga, Pantanal, Cerrado, Pampa e Mata Atlântica, o projeto encabeçado pela Cáritas Alemã, está focado na promoção de cadeias da sociobiodiversidade, no acesso ao financiamento, na melhoria da gestão e proteção territorial, e em desenvolver e escalar soluções baseadas na natureza.
“Esse projeto é muito caro para Cáritas Alemã porque ele fortalece um modelo econômico focado nas potencialidades e nas necessidades das comunidades, e oferece alternativas a práticas econômicas destrutivas”, explica Manuel Brettschneider, coordenador do projeto pela instituição.
Para Lucely Pio, quilombola e vice-coordenadora da Rede Cerrado, o momento representa a realização de um sonho, pois será a primeira vez que um único projeto trabalhará com os cinco biomas juntos. “Temos esse trabalho forte de proteção contra o desmatamento. Temos uma luta dia e noite para manter a sociobiodiversidade em pé, porque é de lá que sai nosso sustento”, disse.
A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) executará o projeto na Caatinga a partir da atuação territorial de dez organizações que compõem a rede. Para Cícero Félix, coordenador da ASA, essa será uma oportunidade de investir em ações que já estão em curso, mas que precisam ser ampliadas.
“As organizações que atuam nesse território já trabalham com o recaatingamento, com os sistemas agroflorestais e com os quintais produtivos. Todas iniciativas já sistematizadas e reconhecidas para a conservação da nossa biodiversidade local”, afirma ele.
A representante do Ministério Alemão do Meio Ambiente, Eva Kracht, reconheceu que não será possível atingir os objetivos do clima sem proteger as florestas. Ela ainda elogiou o governo brasileiro por priorizar a agenda pelo fim do desmatamento nessa COP.
“Até 2030 precisamos de mais esforços para atingir nosso objetivo de parar a degradação dos biomas e o desmatamento. Isso envolve todos os países, inclusive a Alemanha. Todos nós temos que fazer mais e melhor”, defendeu Eva.
De acordo com a secretária de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Carina Pimenta, projetos e políticas devem andar de mãos dadas. “Um dos compromissos que assumimos foi zerar o desmatamento até 2035 e para isso queremos criar e consolidar políticas de desenvolvimento sustentável para as comunidades”, explicou ela, apontando o projeto Redes pela Conservação como importante estratégia nesse sentido.

Sobre o Programa Redes pela Conservação
O Programa Redes pela Conservação – Combatendo o desmatamento e fortalecendo redes locais pela conservação da sociobiodiversidade, é uma ação financiada pela Iniciativa Internacional para o Clima (IKI na sigla em alemão), do governo da Alemanha.
Nos biomas Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa, redes da sociedade civil – Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Rede Cerrado e Rede EcoVida – serão responsáveis por desenvolver ações com o objetivo de reduzir o desmatamento, fortalecer práticas sustentáveis de uso da terra e promover a resiliência climática nos territórios.
Para a estruturação do projeto e sua execução, foi formado um consórcio entre a Cáritas Alemã, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e as redes de organizações da sociedade civil.
As ações para o bioma da Caatinga contemplam as seguintes áreas:
- Apoio técnico e formação para práticas de manejo agroecológico, restauração produtiva e uso sustentável dos recursos da biodiversidade;
- Implantação de tecnologias sociais e sistemas produtivos adaptados ao clima fortalecendo o manejo sustentável e conservação da caatinga, e o acesso à água;
- Criação e fortalecimento de áreas de conservação e territórios de Povos Indígenas, Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais valorizando os modos de vida locais e garantindo o acesso às políticas de proteção e reconhecimento dos territórios;
- Monitoramento ambiental e incidência política articulando saberes comunitários e políticas públicas de combate à desertificação e à degradação do bioma;
- Promoção de redes de cooperação e intercâmbio entre comunidades, instituições e pesquisadores/as, integrando conhecimento popular e científico. Utilização de instrumentos financeiros para fomentar e fortalecer Fundos Rotativos Solidários (FRS) voltados à convivência com o Bioma Caatinga.


