ASA 15 anos: Ampliando a resistência, fortalecendo a convivência!

Articulação Semiárido Brasileiro lança selo e campanha comemorativa

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O selo comemorativo será utilizado em todos os materiais produzidos até o IX EnconASA

No dia 26 de novembro de 2014 a Articulação Semiárido Brasileiro completa 15 anos de trajetória. São 15 anos de lutas e conquistas; de valorização de homens e mulheres que teimam em ser felizes nesse chão; são 15 anos lutando pela conquista de direitos: água, terra e cidadania.

Para marcar as comemorações dessa data histórica, estão previstas diversas ações que compõem uma campanha embalada pela palavra de ordem: Ampliando a resistência, fortalecendo a convivência! A Campanha vai acontecer até realização no IX Encontro Nacional da ASA (EnconASA), em 2015, Mossoró, Rio Grande do Norte, com a presença de cerca de 1000 pessoas, sendo 700 agricultores e agricultoras. Estão previstas a produção de materiais em diversas linguagens, em um movimento de valorização da memória desses 15 anos. A ASA está lançando um selo comemorativo que estará presente em todos os materiais produzidos de agora até o EnconASA. A proposta é que essas ações valorizem as trajetórias, vozes, sotaques, narrativas, opiniões e sonhos que compõem a ASA em cada estado.

Conceição Mesquita, agricultora da comunidade de Urubu, município de Trairi, no Ceará, falando sobre sua participação em alguns momentos da história da ASA, como por exemplo o Encontro de Agricultores e Agricultoras Experimentadores, em 2013, Campina Grande, PB, afirma: “Pra mim é um orgulho muito grande participar desses momentos,  eu nunca pensei de estar aqui, com todos esses doutores, mas também me sinto doutora porque eu sei que vocês também aprenderam um pouco com a minha experiência de agricultora”. Conceição também participou da construção da cartilha História de Quintais, feita a partir das histórias de mulheres do semiárido.

Muitas histórias de fortalecimento de uma rede que se constituiu a partir de um objetivo concreto: fazer

Conceição Mesquita, de Trairi (CE): “me sinto doutora porque eu sei que vocês também aprenderam um pouco com a minha experiência de agricultora.”

uma revolução no semiárido brasileiro a partir da democratização do acesso a água. Esse é o principal elemento a se comemorar nesses 15 anos, para Valquíria Lima, membro da coordenação executiva da ASA, pelo estado de Minas Gerais. “São muitas histórias de homens e mulheres que resistem e transformam o semiárido num lugar digno de se viver e de ser feliz. Comemorar as lutas e resistências desses povos que acreditam no semiárido e na sua gente. Comemorar o crescimento de uma rede de cresceu, multiplicou e incidiu politicamente na defesa da cidadania dos povos do semiárido brasileiro”, completa Valquíria.

Hoje, a ASA é uma rede que congrega 3000 organizações em 10 estados brasileiros e está presente em mais de 1000 municípios. A partir de uma base social tão larga a ASA agrega também lutas diversas, assim como contradições e dificuldades impostas pelo atual modelo de desenvolvimento econômico vigente que devasta terra, água e os territórios tradicionais. Mas que traz o colorido também com uma diversidade cultural enorme, com sabores e saberes dos povos do semiárido que inspiram e ensinam. A cisterna de placa (fruto da sabedoria popular) se tornou em uma política pública graças à mobilização da sociedade civil organizada, e vem democratizando o acesso à água em todo o Semiárido.

Ao longo dos 15 anos de atuação da ASA a política de garantia do acesso a água no semiárido passou por modificações significativas no caminho para autonomia hídrica e na construção coletiva de tecnologias de acesso, armazenamento e utilização de água. Isso tudo contando com o protagonismo de agricultores e agricultoras. Segundo Glória Baptista, membro da coordenação executiva pelo estado da Paraíba: “A gente pode falar em dois tipos de autonomia: uma é a tecnológica, por ser uma implementação que nasce do conhecimento próprio da agricultura camponesa. A outra é livrar os agricultores das garras da política assistencialista que alimenta a ‘Indústria da Seca’. No Semiárido, água é poder, famílias que eram obrigadas a andar quilômetros em busca do líquido, hoje dispõem dela na porta de casa, é isso que a cisterna de placas faz, empodera as famílias”.

Fazendo uma projeção dos desafios a serem enfrentados para os próximos períodos Valquíria aponta alguns destaques: “Para além do que já temos feito, é necessário nesses 15 anos inovar, ampliar nossas ações do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) para que de fato aconteça a universalização do acesso a água de consumo humano, que o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) possa ser universalizado, que a ASA trabalhe na busca para que todas as escolas rurais do semiárido brasileiro possam ter água e alimentação adequada a todas as crianças e que não precisem ser fechadas por falta de estrutura. São muitas ações ainda para serem conquistadas. É necessário que a rede ser fortaleça para junto com outras redes, articulações e movimentos, possamos transformar o semiárido brasileiro. ”

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