Encontro Territorial do P1+2 discute Sementes Crioulas

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Um cortejo no entorno da Praça Matiz de Pereiro, na região do Vale do Jaguaribe, no Ceará, deu início ao Encontro Territorial e de Trocas de Sementes, do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), que aconteceu nos dias 09 a 12 de dezembro de 2013.

Mística com cânticos e danças das Dramistas da comunidade Aroeiras, no município de Aracati abriu o evento, realizada pela Organização Barreira Amigos Solidários (Obas). Palestras e debates com as temáticas Sementes, Agroecologia e Transgênicos fizeram parte da programação. 

Silvana Ribeiro, da Obas, acolheu os/as participantes dando boas-vindas e ressaltando a importância do encontro para o fortalecimento da luta pela convivência com o Semiárido.

O Engenheiro Agrônomo da Obas, Jorge Pinto apresentou os benefícios das Sementes Nativas, bem como, os malefícios dos alimentos geneticamente modificados.

Amália Santiago, estudante de Agronomia da Unilab falou da importância da semente para a autonomia e resgate da cultura de subsistência.

Os/as agricultores/as Antônia das Graças, Francisco Saldanha, Maria Santa e Tarcísio destacaram a necessidade de guardar as sementes para a autonomia das famílias agricultoras, preservação das espécies e garantia alimentar.

Intercâmbio de experiências – O segundo dia (11) do Encontro foi marcado por trocas de conhecimentos. Agricultores/as e técnicos/as visitaram duas experiências. Um dos grupos se dirigiu para a comunidade Pedra Branca, em Pereiro, para conhecer o quintal de dona Lilia e seu Zé Mané. Lá, puderam ver de perto o que o casal de agricultor cultiva, bem como, sua história de vida.

Outro grupo desceu a serra para visitar a Casa de Semente Renascer do Sertão, da comunidade Caatingueirinha, no município de Potiretama, onde conheceram a forma de organização da comunidade, em especial da Casa de Semente.

Os/as anfitriãs, Antônia das Graças, conhecida como Gracinha, Antônio Deimy e Aline deram as boas-vindas aos participantes, conheceram cada um/a e logo em seguida contaram um pouco da história. “A gente começou em 2009, participando de reunião, organizando e planejando. No mesmo período participamos de uma gincana, conseguimos a maior quantidade de sementes e ganhamos a gincana, ficando com as sementes”, relata Gracinha, acrescentando que com ajuda do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), construíram a casa, onde atualmente as sementes são armazenadas.

“Com as parcerias da Associação Comunitária e do Grupo de jovens a experiência foi se fortalecendo”, complementou Antônio Deimy. “É, porque aqui os/as jovens conhecem a Casa de Semente e participam”, disse Aline.

E assim, os três foram contando suas histórias, desde a organização, até a concretização da Feira Agroecológica, que acontece em Potiretama uma vez por mês.

O grupo também trouxe sua história, que era contada entre uma conversa e outra. “Sabemos da importância que tem uma Casa de Semente para sairmos das dependências do governo. Já vi um agricultor esperando pela semente da Ematerce para poder plantar seu roçado”, disse Bonfim, do Sindicato de Jaguaribe.

Voltando das visitas, cada grupo compartilhou um pouco das experiências visitadas, evidenciando a possibilidade de se viver com dignidade no Semiárido.

Avaliação e encaminhamentos – O terceiro dia do encontro foi de encaminhamentos, avaliação e agradecimentos. Conhecer novas pessoas; aprender o que a gente não sabia; ver o que nunca tinha visto; troca de experiência; reencontrar as amizades antigas, a educação e gentileza da pessoas da cidade que são acolhedoras; maior participação das instituições, demonstrando união; aprendi a selecionar sementes; discutir relação de gênero; as comunidades que receberam as tecnologias estão satisfeitas. Estes foram os pontos destacados na avaliação.

Entres os encaminhamentos destacam-se: escrever uma nota de agradecimento ao município de Pereiro para ser apresentada na rádio; socializar o relatório com os/as participantes; distribuir para cada participante um cd com as fotos e o relatório do encontro; realizar oficina de fotografia com as mulheres da comunidade Aroeiras – Aracati.

E, ainda em ritmo de festa, o evento foi encerrado ao som das vozes das Dramistas de Aracati: “Estou indo embora de Pereiro, Obas, Obas. Com saudade dessa gente, Obas, Obas. Do encontro de sementes, dos nossos agricultores, Obas, Obas, e apresentando a cultura lá do nosso Aracati”.

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