Tenho Sede
19.11.2021
Campanha Tenho Sede motiva escola de São Paulo a discutir as potencialidades do Semiárido
Em aula presencial, as/os estudantes contaram com a participação virtual de integrante da ASA, que interagiu discutindo as causas que levam pessoas, especialmente de outras regiões do país, a terem uma imagem negativa sobre o Semiárido brasileiro

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Por Érica Daiane Costa | ASACom

Aula com participação virtual de representa da ASA | Foto: Janaína Augusto

Inspirado no Pacto Educativo Global e na Campanha da Fraternidade deste ano, o Colégio Notre Dame, na capital paulista, já vinha realizando um projeto que discutia diversos aspectos do Semiárido brasileiro. As turmas de 7º ano adotaram como tema central a região do polígono das secas, o que levou as/os estudantes a conhecerem as cisternas como alternativas viáveis para garantir o acesso à água nesta região.

Ao ver a divulgação da campanha Tenho Sede, lançada pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) no mês de setembro, a professora Janaína Augusto buscou a instituição para promover um diálogo que possibilitasse aos/as estudantes discutirem sobre estereótipos e conhecer um pouco mais de perto os potenciais do Semiárido, sob  a perspectiva de quem vive, defende e constrói políticas públicas que viabilizam a convivência com a região.

“Minha missão é tentar quebrar os estereótipos em relação ao sertão. Tentar mostrar a riqueza e a diversidade dessa região, aponta Janaína. Nesse sentido, duas turmas do 7º ano participaram de um encontro virtual com uma integrante da ASA, que realizou dinâmicas e apresentou dados acerca da região, trazendo para o centro do debate a construção da imagem negativa historicamente forjada e reproduzida pela Indústria da Seca, pelos meios de comunicação e pelas artes. O momento serviu também para desconstruir a ideia de progresso hoje propagandeado pelo agronegócio, mostrando o quanto é inviável a lógica do agro é pop, ao tempo em que foi apresentada a viabilidade da proposta de convivência com o Semiárido.

A estudante Manuela Galhardo disse que foi muito interessante participar do momento de formação e aprender como é possível ajudar quem enfrenta dificuldades devido às secas no Semiárido. Para a professora Janaína Augusto, “a parceria com a ASA surgiu da necessidade de mostrar para os alunos que a seca não é um problema efetivamente, ela é um fenômeno climático. O que é o problema é a falta de políticas públicas para atender as necessidades da população do Semiárido”, observa.

Importância das Cisternas - De acordo com a professora, a turma do 7º ano também está desenvolvendo um projeto de construção de cisterna que será enviado para o município de Nordestina, na Bahia. O estudante Artur Silva entendeu que “realmente muda a qualidade da vida das pessoas nordestinas essas cisternas”, o que também é a compreensão da professora: “a gente entende que a cisterna é um meio fundamental para captação da água e para mudar a qualidade de vida da população que é atingida por esse fenômeno [a seca]”.

A campanha Tenho Sede, assim como despertou a educadora Janaína Augusto a entrar em contato com a ASA e divulgar a campanha em toda comunidade escolar, também tem chegado com força em toda a região Sudeste, especialmente em São Paulo, que é um dos estados que se destacam em número de doadores/as. A partir do site tenhosede.org.br (link) as/os doadores/as podem optar por fazerem doações mensais, anuais ou únicas em valores a partir de R$ 20.

Além do Sudeste, a Campanha chegou em todas as regiões do país, contando com doações oriundas de quase todas as unidades da federação. No Semiárido, diversas organizações ligadas à ASA estão  se organizando para fazer lançamentos estaduais e assim potencializar a divulgação da campanha, que tem contado com a parceria de inúmeras instituições e pessoas nesse processo de mobilização de recursos. Todo o valor arrecadado será investido na construção de cisternas para beber e produzir alimentos na região semiárida.

Nuvens de palavras construída a partir da fala inicial das turmas

Durante a formação, as/os estudantes mostraram interesse em entender como funciona a Indústria da Seca, o que impregna no imaginário das pessoas de outras regiões e muitas vezes do próprio Semiárido, a ideia de atraso, escassez, deserto, infertilidade do solo, excesso de calor, como foi apontado em nuvens de palavras construídas pelas turmas. Além disso, mostraram que, quando se fala em Semiárido, é forte a relação com Nordeste, com destaque para elementos e locais turísticos do litoral.

“A participação da ASA foi fundamental para a compreensão desses elementos que estão sendo discutidos dentro do projeto aqui no colégio (…), para entender as questões que envolvem a seca no Nordeste e entender também que esse meio [a campanha] de ajuda na construção das cisternas é fundamental para mudança na qualidade de vida, água é urgente, é fundamental para a sobrevivência de todos e todos devem ter direito a água”, finaliza Janaína.