Belo Chico
07.10.2021
“É preciso cada vez mais fazer ecoar os gritos do São Francisco”, diz ribeirinha no lançamento do CD Belo Chico

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Por Érica Daiane Costa | ASACom

Coletiva de Imprensa na Barca Nina sobre o Rio São Francisco | Foto: IRPAA

A mais nova obra que canta o Velho Chico foi lançada na internet no último dia 02. Trata-se do Projeto “Belo Chico”, CD produzido pelos artistas Roberto Malvezzi (Gogó), Targino Gondim e Nilton Freitas, mesmo trio que gravou “Belo Sertão”, em 2005. As duas obras trazem reflexões acerca da convivência com o Semiárido, promovendo o projeto de Bem Viver hoje defendido por uma parcela da sociedade.

O projeto ‘Belo Chico – a convivência com o Rio São Francisco através da música’ é uma obra pedagógica, conforme descrevem os compositores. A coletânea musical perpassa cinco abordagens, sendo que a primeira chama o público a navegar; a segunda canta e conta um pouco sobre as lendas do Opará, como o rio era chamado pelos indígenas; a terceira apresenta um tom de denúncia; a quarta chama atenção para a necessidade de revitalização; e a quinta celebra a festa, um elemento tão presente na cultura dos povos ribeirinhos, conforme elencou Roberto Malvezi durante Coletiva de Imprensa após o lançamento.

A iniciativa foi viabilizada por meio do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) e da Articulação Popular São Francisco Vivo, com recursos da Cáritas alemã, contando com produção da Toca Pra Nós Dois. O disco físico conta com encarte contendo a letra das músicas e comentários sobre a mesma, fotos e uma mini biografia dos três artistas. A partir de novembro, todas as músicas estarão disponíveis nas plataformas digitais.

O CD, composto por 13 canções, faz parte da imensa lista de obras artísticas que trazem como tema o Rio São Francisco. Além de músicas, existem poesias, livros, pinturas, espetáculos teatrais, documentários, novelas, entre outras produções. Seja retratando as belezas, encantos, riquezas e/ou problemas enfrentados pelo Velho Chico e seu povo, muitos/as artistas se dedicam a divulgar esse rio que gera vida ao longo de seu percurso, cuja bacia compreende 521 municípios brasileiros.


Arte, educação e comunicação - O lançamento do CD Belo Chico foi gravado sobre o rio, entre Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), na região do Submédio São Francisco. Transmitido pelo YouTube, o show contou com uma média de 4 mil espectadores e está disponível no Canal TV Irpaa e nos canais oficiais dos artistas.

Para o coordenador geral do Irpaa, Cicero Felix, a arte e a educação simbolizam a essência deste projeto. Para ele, trata-se de uma iniciativa que é importante não apenas para a região mas para o planeta, pois nesse momento de emergência das mudanças climáticas, a obra aponta caminhos que vão na contramão do aquecimento global.
Após o lançamento, uma Coletiva de Imprensa reuniu comunicadores/as do Vale do São Francisco e de outras regiões do país, momento em que alguns aspectos tiveram destaque, dentre eles a necessidade da obra ganhar espaço nos meios de comunicação convencionais. Além dos artistas, conversaram com a imprensa Cicero Felix e a integrante da Articulação Popular São Francisco Vivo, Rizoneide Gomes.

Na ocasião, profissionais da imprensa lembraram que a legislação brasileira garante espaço para divulgação deste tipo de obra educativa nos veículos de comunicação, assim como incentivaram a divulgação do material nas emissoras de rádios e TV 's públicas e/ou comunitárias. Representantes e trabalhadores/as de rádios, TV’s locais, sites, blog’s e assessorias, receberam um Kit contendo o disco, cartaz e elementos da cultura local, como uma carranca de madeira e doces de umbu produzidos pela agricultura familiar.

A jornalista Sibele Fonseca destacou a importância da arte, lembrando que isso ficou evidente durante a pandemia, onde aumentou o consumo de música, filmes, etc. “A arte tem salvado também o São Francisco, através da música, da poesia. A imprensa, as ONG’s também salvam”, reconheceu.

Após discussão sobre o papel da mídia regional na divulgação deste tipo de conteúdo, Rizoneide alertou que, diante dos contextos sociais e ambientais do mundo atual, a comunicação deve estar a serviço da vida, e enfatizou: “é preciso cada vez mais fazer ecoar os gritos do São Francisco!”.