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06.11.2014
Grito do Semiárido discute impactos sociais e ambientais no território piauiense
Site - Grande Picos


Por Fabrício Sousa
, Milhares de pessoas se reuniram nas ruas de São Raimundo Nonato nesta sexta-feira (17) para participar do 4º Grito do Semiárido. O movimento busca chamar atenção do poder público para os impactos sociais, culturais e ambientais causados na região com a chegada de mineradoras e empresas de carvoaria. A ação destas empresas é realidade em algumas comunidades quilombolas e no corredor ecológico situado entre o Parque Serra da Capivara e Parque Serra das Confusões.

O Grito foi organizado por 23 entidades que atuam no semiárido piauiense. Cláudio Teófilo Marques, 61 anos, é presidente da Associação Territorial do Quilombo Lagoas. O agricultor diz que o desmatamento já atingiu boa parte do território. “A gente anda pela mata e vê no mínico 40% dela morta. Isso é muito ruim não só para mim, mas para as futuras gerações. Se as autoridades não olharem para isso, não sei como será o futuro. Daqui há dez anos, se as coisas continuaram assim, nossa comunidade vai desaparecer”, declarou.

No Piauí está localizado o segundo maior território quilombola do país. O IPHAN tem o papel de preservar essa manifestação cultural e o patrimônio arqueológico existente no estado. A chefe do Escritório da 13ª Superintendência do órgão, Ana Estrela de Negreiros, afirma que desde 2007 o IPHAN acompanha as pesquisas das mineradoras na região de São Raimundo Nonato e que recebe denúncias da população sobre a atuação dessas empresas. “A partir do momento que se destrói esses territórios, se destrói também a história, a memória das comunidades quilombolas”, disse a gestora.

De acordo com Maria Lúcia Carvalho, analista ambiental do Instituto Chico Mendes, no Piauí o órgão responsável para emitir o licenciamento de mineração e desmatamento é a Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMAR. A ambientalista aponta dificuldades em fiscalizar todo território dos parques Serra da Capivara e Serra das Confusões. “O território desses parques é muito extenso e nesse escritório em São Raimundo Nonato temos apenas dois fiscais”.

O Instituto Comradio do Brasil, por meio do projeto Jovens Radialistas do Semiárido, apóia o Grito do Semiárido. A instituição grava um documentário sobre o movimento, além de conteúdos para o rádio a ser distribuídos pela Rede Emdiabrasil para 15 rádios do estado, chegando a um milhão de ouvintes. O conteúdo é produzido por alunos do projeto, com acompanhamento técnico e pedagógico do Instituto. O Projeto Jovens Radialistas tem apoio do ONG suíça Brücke Le Pont e patrocínio da Petrobras.

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