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30.03.2010
Resistência de comunidade Ribeirinha no Sertão baiano
Site - ASA Pernambuco


Por Catarina de Angola

O terceiro dia de atividade do sétimo Encontro Nacional da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (VII EnconASA) foi de visitas a diversas experiências do Semiárido baiano e pernambucano. Os/as participantes de deslocaram a diversas comunidades para conhecer experiências sobre as questões de acesso à água, terra, segurança alimentar e nutricional, agrobiodiversidade, educação contextualizada economia solidária e auto-organização e direitos das mulheres.

Uma das experiências visitadas que tratou do tema Acesso à Água foi na comunidade de Ferrete, no município de Curaçá, Sertão do sub-médio São Francisco da Bahia. Um dos grupos participantes do encontro visitou a comunidade que estão na luta contra a construção de uma barragem que deve deslocar todos os/as moradores e moradoras do local para dar passagem às águas do Rio São Francisco. A construção dessa barragem deslocará mais de quatro mil pessoas, de cerca de 20 comunidades, localizadas além de Curaçá, nos municípios de Orocó, Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande e Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia.

A obra vai ser viabilizada pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), com as empresas Odebrecht e Engevix. “Em nenhum momento fomos consultados sobre a construção dessa barragem. Dizem que vão trazer emprego para as pessoas daqui, mas e quando a construção terminar, que empregos vão ficar? Além do mais eles fala que teremos uma vida melhor em outro local, com mais educação e saúde. Não acreditamos nisso. Tem gente com mais de 30 anos aqui, nossas raízes e história estão aqui”, explica João Teles, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e morador de Ferrete.

A comunidade luta contra a construção dessa barragem desde 2004 e além do MAB tem apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), além dos sindicatos rurais de Curaçá e Santa Maria da Boa Vista. “Como você vai ter uma vida digna longe de sua terra?”, completa João Teles. A visita proporcionou uma troca de experiências entre os visitantes. Muitos colocaram sugestões que pudessem fortalecer a mobilização da comunidade contra a construção da barragem, outros passaram a conhecer uma realidade diferente da sua.

Além disso, pessoas que tiveram sua história levadas pela água também contaram sua experiência. É o caso de Maria do Socorro de Miranda Alves, participante do VII EnconASA e que foi atingida pela construção da barragem de Sobradinho, entre os anos de 1974 e 1975, onde era no município de Casa Nova. “As empresas podem dizer que nossa vida vai melhorar. Mas eu digo que nunca vai ser melhor depois de sua cidade ser levada por uma barragem. A gente sai do lugar de onde nasceu e eles ainda não cumprem as promessas de melhorias de vida e pagam uma indenização irrisória. Tem gente que não agüenta, que quer ficar onde nasceu. Por isso a mobilização da comunidade é muito importante. Temos que encontrar caminhos e resistir contra os projetos de barragem”, explica Maria do Socorro.

A visita contou ainda com uma visita ao Rio São Francisco e terminou com um almoço na própria comunidade. A reflexão sobre o tema terá continuid

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