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24.02.2010
Orgânicos mudam vidas no Agreste
Jornal - Diario de Pernambuco


Por Marcionila Teixeira

Das flores, Oneide Maria da Silva, 46 anos, não tem saudades. Não que não sejam bonitas ou perfumadas, mas é que a agricultora resolveu viver a vida sem elas por uma questão de saúde. Há sete anos, deixou para trás a produção de flores em Gravatá, no Agreste do estado, para investir em produtos orgânicos.

As dores de cabeça e os vômitos ficaram para trás junto com o uso de agrotóxicos. Para ela, restou uma produção de hortaliças mais saudável, que costuma passar aos seus clientes nas feiras de orgânicos, todas as semanas.

"Produção ainda é pequena diante da importância dos orgânicos" Cleverland Campos - agrônomo

Oneide Maria integra o grupo Ama Terra, criado há dois anos a partir do Ama Gravatá, um dos primeiros de Pernambuco a trabalhar com agricultura orgânica. Hoje, o Ama Terra reúne 45 produtores do município, o que representa apenas 1% do total desses trabalhadores. A produção abrange atualmente 40 itens, entre eles banana, alface e rúcula. Todos livres de agrotóxicos e com maior teor de antioxidantes, vitaminas e minerais, destacam os especialistas. "Na feira de Bezerros, o pessoal briga pelo repolho produzido em meu terreno. Ele é crocante. A cenoura também é mais gostosa e o coentro, Ave Maria!", conta Oneide, orgulhosa da própria produção, em Olho D'Água, nos arredores do distrito de São Severino, onde fica a sede da Ama Terra.

A rotina estafante de Oneide, que começa às 5h e segue até as 18h, com uma parada de menos de duas horas para o almoço, já soa satisfatória para ela, mesmo que os lucros ainda não tenham chegado à sua horta. "Estamos ficando mais profissionais. Anoto quanto gasto, quanto apuro, mas ganho mais com esses alimentos que ganhava com as flores porque não passo para o atravessador. Os orgânicos são maravilhosos. Tem muita gente morrendo por causa do venendo e destruindo a natureza", defende Oneide. Mas ela acha que é uma questão de tempo e de organização para os agricultores desse tipo de alimento passarem a ganhar melhor.

O agrônomo Cleverland José Campos, que acompanha a associação de São Severino, destaca que os orgânicos ainda não são produzidos em grande escala por todos os trabalhadores de Gravatá porque exigem mais cuidados, afinal são usados defensivos naturais e, no caso de não haver jeito para uma praga na plantação, é necessário destrui-la. "Estimamos que eles produzam de 8 a 10 toneladas por mês de orgânicos. Ainda é muito pouco diante da importância do produto", explica Cleverland.

Incentivo - Para o agrônomo, ainda falta incentivo para a atividade. "Uma lei federal, aprovada neste ano, prevê que as prefeituras do país são obrigadas a direcionar 30% do valor destinado à merenda escolar para a compra desses alimentos", lembra Cleverland. Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento, Aarão Lins de Andrade Neto, a lei passará a vigorar a partir do ano que vem. "Atualmente nós temos um programa em conjunto com a Conab e com os ministérios da Agricultura e Desenvolvimento Social para aquisição de alimentos junto a três associações de agricultores.

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