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10.12.2009
Colapso à vista no abastecimento
Jornal - Jornal do Commercio (PE)


BRASÍLIA – Dois terços das cidades brasileiras operam no limite da capacidade de fornecimento de água. A expectativa, de acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA), é de um colapso no abastecimento caso não sejam realizados investimentos em ampliação e adequação das instalações que existem hoje.

Para garantir a oferta de água, as concessionárias do setor de saneamento e as esferas públicas federal, estadual e municipal deverão investir cerca de R$ 18,2 bilhões até 2015, indica levantamento realizado pela agência.

O valor não inclui investimentos em sistemas de esgoto, o que, conforme a ANA, aumentaria os gastos no setor para algo em torno de R$ 41,1 bilhões.

O colapso no abastecimento de dois terços dos municípios do País, de acordo com as previsões da entidade reguladora, pode ocorrer às vésperas da Olimpíada de 2016, que acontecerá no Rio de Janeiro, e logo depois da Copa do Mundo de Futebol, que será realizada no Brasil em 2014.

O mapa das condições dos mananciais e dos sistemas de produção de água fazem parte do Atlas do Abastecimento Urbano de Água, coordenado pela ANA e promovido em 2.965 cidades brasileiras. O estudo mostrou que 64% das cidades (1.896 municípios) operam com sobrecarga e necessitam de investimentos em caráter de urgência para evitar o colapso.

Dos R$ 18,2 bilhões necessários em investimentos, aproximadamente R$ 15,7 bilhões devem ter como destino os mananciais e os sistemas de produção de 752 municípios com mais de 50 mil habitantes. “Outros R$ 2,5 bilhões seriam aplicados em 1.144 cidades com até 50 mil habitantes”, informou o presidente da ANA, José Machado. Segundo ele, uma população de 100 milhões de habitantes será diretamente beneficiada com a aplicação dos recursos.

GRANDES CIDADES

Machado disse que os maiores problemas apontados pelo estudo foram identificados nas regiões metropolitanas, com 286 dos 430 municípios apresentando problemas. “Isso representa 66% dos municípios pesquisados, e um total de R$ 12 bilhões a serem investidos”, afirmou o presidente da ANA.

Ele ressalta a importância, também, de se investir nos sistemas de esgotos. “Para melhorar a captação de água, é fundamental que invistamos também em sistemas de esgoto, de forma a evitar a contaminação. Isso representaria mais R$ 23 bilhões em investimentos, a serem destinados a 1.517 municípios, e totaliza um montante de R$ 41,1 bilhões a serem investidos”, observou José Machado.

O gestor da agência reconhece que as necessidades de investimento são gigantescas e que o setor tem um histórico de despreparo em fazer projetos e obter financiamentos para garantir a execução das obras.

Machado defende que, para a concretização desses investimentos, deve haver a articulação entre as várias esferas de governo, organizações e agências públicas e privadas.