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Por Danielle Santos
Brasília - A Agência Nacional de Águas (ANA) apresentou ontem mapeamento de 2.965 municípios para compor um atlas sobre o abastecimento no país.
O resultado mostra que o Brasil terá graves problemas se nenhum investimento for realizado no sistema de produção hídrica até 2015. Das cidades analisadas, 64%, ou seja, 1.896, têm dificuldades em atender suas populações. Para evitar um colapso e garantir o atendimento de todas até 2025, o órgão estima gasto de R$ 18,2 bilhões nos próximos seis anos.
Uma das principais preocupações do estudo vem do semiárido nordestino, historicamente conhecido pela escassez de água. Das 1.892 cidades analisadas, 73% correm risco de ficarem desabastecidas se nenhuma política de atendimento for feita até 2015. Do valor total que o governo tem de implementar para atender todas as regiões apontadas no estudo, metade - R$ 9 bilhões - deve ser depositado nesta região para o atendimento de 39 milhões de pessoas. A situação mais grave é em Pernambuco e na Bahia, onde a grande escassez de recursos hídricos e o elevado número de municípios exigem 51% de recursos a mais do que já é aplicado para evitar um apagão no abastecimento. "O nosso estudo mostra que as demandas já estão muito próximas da oferta. Já estamos em sobrecarga em vários sistemas, em vários mananciais. Não é fácil criar uma situação de abastecimento tão rápido. É preciso ter estudos técnicos e medidas rápidas para atender as necessidades", argumenta o presidente da ANA, José Machado.
Outro gargalo está nas regiões metropolitanas que detêm alta densidade populacional e são grandes polos de desenvolvimento como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Das 430 cidades que se enquadram neste perfil, 66% precisam de R$ 12 bilhões para ampliar seus sistemas de captação de água e utilizar novos mananciais. É nas regiões metropolitanas que estão 70% do Produto Interno Bruto (soma das riquezas geradas pelo país). Lá também vivem 60% da população brasileira, ou aproximadamente 94 milhões dehabitantes.
O estudo demonstrou que o inchaço de grandes centros urbanos, como Curitiba, Goiânia e Fortaleza, vem causando pressão sobre os recursos hídricos locais, com a necessidade de se buscar novas fontes de abastecimento em áreas cada vez mais distantes e com investimentos maiores.