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02.12.2009
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Jornal - O Povo (CE)


Por Diego Lage

É preciso correr. A água potável disponível no povoado Alto Vistoso, em Tauá (a 344 km de Fortaleza), nos Inhamuns, está acabando. A falta de expectativa por uma boa temporada de chuvas acelera a preocupação da comunidade. "Essa água não dura mais 10 dias. Água boa de beber a gente não tem outra", alerta o agricultor José Nertan Batista, 45. Ao lado de oito filhos e da mulher, ele acompanha a cisterna secar ininterruptamente em meio à estiagem.

A cena se repete em quase todos os rincões das zonas rurais de Tauá e de Catarina (a 398 km de Fortaleza). "Em Tauá são aproximadamente quatro mil cisternas. Todas secaram ou estão se encaminhando para isso", lamenta o assessor técnico da Coordenadoria de Convênios e Projetos, Francisco de Assis Barroso. É nas cisternas que os vilarejos rurais armazenam água da chuva e a usam para beber e cozinhar.

As cisternas não tiveram acumulação satisfatória este ano, nos Inhamuns. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Tauá e Catarina foram os municípios com menores índices pluviométricos da quadra chuvosa. Em Tauá as precipitações somaram 422 milímetros. A Funceme aponta ainda 478,2 mm em Catarina. A média do Ceará, em sua temporada mais chuvosa desde 1985, foi de 1.248 mm.

Nos Inhamuns as chuvas são escassas, historicamente. Trata-se de uma das regiões mais secas do Estado. Esperar a chegada da próxima quadra chuvosa, entre fevereiro e maio, é correr o risco de enfrentar a sede. A saída será o socorro do Exército. Tauá e Catarina foram inseridas na operação Pipa.

De acordo com o coordenador da operação no 40º Batalhão de Infantaria (Crateús), major Paulo Camelo, os pedidos das prefeituras foram aprovados e, ainda esta semana, os primeiros carros-pipa devem chegar às comunidades. O número de pessoas e vilarejos atendidos será definido na manhã de hoje, além da fonte a ser usada para captar água potável.

Paulo Camelo prevê largo abastecimento em Tauá. "Tauá, com certeza, vai ser muita gente. É muito grande. Catarina nem tanto", afirma. O capitão admite que houve dificuldades para achar um manancial capaz de fornecer água potável. "A água, às vezes tem, mas é salobra demais. Catarina, inclusive, a gente ficou esperando muito tempo um laudo da Defesa Civil apontando um local potável. E demorou", exemplifica.

Parte das comunidades rurais tem água encanada a partir de poços. "Mas não conheço um homem que consiga beber a água do poço. É sal puro. Nem a um inimigo se dá água salobra para beber", detalha José Nartan. "Infelizmente essa é a realidade: em Tauá a água é difícil. Não fosse bastante chover pouco, a água de açude ainda é salobra. A gente depende do céu para mandar chuva, mas quase nunca o povo de lá colabora", protesta.

E-MAIS

NÚMEROS DO FORNECIMENTO DE ÁGUA EM TAUÁ

> A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), em nota, explica que está "em par

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