Representantes de comunidades de sete estados do nordeste se reunirão no 3º Fórum das Comunidades do Semiárido, que acontece de 14 a 17 de setembro, em Recife (PE). O encontro, organizado pelo COEP (Rede Nacional de Mobilização Social), debaterá estratégias para a melhoria da qualidade de vida e a construção da cidadania na região. A abertura será feita pelo Ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende.
Há mais de dez anos, o COEP, juntamente com instituições governamentais e entidades civis, promove ações de desenvolvimento do semiárido nordestino. Atualmente, cerca de cinco mil famílias de 46 comunidades integram as iniciativas, que vão do cultivo de algodão orgânico, da construção de cisternas e de barragens subterrâneas, a ovinocaprinocultura até a criação de telecentros de informática comunitários etc.
Uma parte fundamental e o grande diferencial do trabalho nas comunidades do semiárido é a transformação dos moradores em mobilizadores. Dessa forma, eles se tornam protagonistas do processo de mudança social, atuando diretamente nas mudanças para a comunidade e não apenas sendo beneficiários de um projeto.
A chegada do COEP no semiárido brasileiro aconteceu em 1998. Na época, o cultivo de algodão enfrentava abertura das importações, secas e pragas, que afetavam diretamente a renda do agricultor. Da crise, nasceu parceria com a Embrapa para retomar a agricultura familiar integrada à indústria. O local escolhido foi o Assentamento Margarida Maria Alves, comunidade rural do município de Juarez Távora, na Paraíba.
Com a aplicação de tecnologia adequada, a cultura do algodão mostrou-se uma alternativa viável para a recuperação da renda das famílias de agricultores, especialmente a produção orgânica/agroecológica que vem sendo introduzida nas comunidades. O algodão, somado aos projetos de produção de mamona, foi o ponto de partida para uma série de atividades bem-sucedidas no semiárido, que hoje vai muito além dessas duas culturas e que beneficia centenas de pessoas.
Hoje, outra ação importante do COEP na localidade acontece através dos telecentros de informática comunitários, que promovem a inclusão digital, a troca de informações, a educação à distância e a comunicação das comunidades do semiárido, em sua maioria distante dos grandes centros urbanos, com qualquer lugar do planeta. São 46 telecentros em funcionamento ou em fase final de instalação, em locais isolados onde muitas vezes não há sequer rede de telefonia. Os telecentros têm se mostrado, ainda, uma promissora ferramenta para a consolidação de uma rede solidária entre as comunidades participantes do Programa.
Sobre o COEP
Criado em 1993 por iniciativa do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, o COEP Brasil atualmente reúne oito mil pessoas e mil entidades públicas e privadas para mobilizar e articular os vários setores da sociedade na promoção do desenvolvimento humano e social no país.