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06.06.2016
Em SE, agricultores trocam experiências de investimentos no Semiárido
Portal F 5 - Fernanda Araújo


Enquanto o Brasil patina para escapar de uma das piores crises econômicas das últimas décadas, tem produtores da Agricultura Familiar com o olhar nas próximas colheitas, apostando em tecnologia para manter boa produtividade e não parar de investir. No IV Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores Experimentadores do Semiárido, que acontece em Aracaju (SE) até o próximo dia 9, 300 produtores de nove estados do Nordeste e de Minas Gerais compartilham as experiências e buscam colher ideias para potencializar a produção.

 

Crise econômica, também política e ambiental, não são desculpas para parar de trabalhar. É dessa forma que os agricultores encaram a recessão. “A gente ajeita de um lado, ajeita de outro, tira o de casa, o que sobra leva para vender na feira. A gente tem que vender uma  mercadoria para comprar outra, é assim que a gente produz”, conta a agricultora Ligória Felipe dos Santos (ao lado), do agreste da Paraíba.

Os produtores recebem apoio da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) que leva, junto ao governo federal, políticas públicas para o sertão, segundo a instituição, adequadas à realidade e necessidade das famílias que vivem em situação de pobreza e miséria. Para dona Ligória, a instalação da cisterna implantada há dois anos na sua cidade, Esperança, foi um grande avanço para toda a região. “A gente sofria muito com a falta de água, se não chove a gente compra de carro pipa e armazena. Facilitou muito para consumo próprio, para o cultivo que será vendido e para o nosso dia a dia”, diz.

Seja no campo da agroecologia, nos quintais produtivos e no manejo da Caatinga, as experiências são diversas. Na cidade de Porto da Folha, no povoado Lagoa da Volta, por exemplo, foram implantadas duas cisternas e o biodigestor com esterco bovino, que leva economia de gás aos agricultores da região. Maria Aparecida da Silva (ao lado), que produz hortaliças e mudas, comemora. “Isso tem fortalecido muitas famílias na nossa comunidade. Nosso semiárido é rico, tudo o que se planta dá, só é ter a água e capacitação ao agricultor. Nós não queremos que acabe esse investimento, vamos para a luta, ficar parado é que não dá”, acredita.

Os participantes dos estados farão 24 visitas de campo em algumas regiões do sertão de Sergipe para troca de conhecimento com os agricultores locais. “Se somando eu vou saber se a experiência de alguém é boa pra mim e se a minha vai ser boa para a dele e o resultado sai. Cada comunidade de Sergipe ou de outros estados é diferente uma da  outra, às vezes a plantação do feijão em Alagoas dá de um jeito e em Sergipe dá de outro, isso é rico para o nosso semiárido”, ressalta a agricultora Maria Luzinete Dória, a Netinha (ao lado), da Lagoa da Volta.

Investimentos
A partir da política de convivência com o semiárido e das tecnologias sociais, segundo a ASA em Sergipe, são trabalhadas no estado principalmente as cisternas de placa de cimento. “As famílias conquistam essas tecnologias, passam por todo o processo de formação e começam a ter água de qualidade em casa e a produzir o alimento com base na agroecologia, livre dos agrotóxicos. De 13 anos para cá conseguimos vivenciar diversas mudanças positivas dentro da região semiárida”, conta o coordenador executivo do Estado, João Alexandre

No entanto, ainda há desafios pela frente, já que o fortalecimento das ações será apenas até o fim deste ano. “Sabemos que o governo do país agora é interino, ainda não existiu um diálogo, não temos perspectiva a partir de janeiro de 2017. Ainda é preciso que as políticas sociais cheguem às bases na zona rural. Enquanto isso, o posicionamento da ASA Sergipe é de caminhar com o que já tem e buscar investimentos internacionais e a nível nacional que não é pelo governo. Ainda é um gargalo ficar atrelado apenas às políticas do governo federal, temos que ter outras saídas também”, relata o coordenador.

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