Por Comunicação Irpaa
“Políticas Educacionais: desafios e perspectivas para a educação no Semiárido” foi tema de Encontro de Formação continuada do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) que aconteceu nos dias 24 e 25 de julho de 2015, no Centro de Formação Dom José Rodrigues, reunindo cerca de 50 colaboradores/as do Irpaa. Aprofundar e refletir sobre o cenário da educação no Semiárido foi um dos objetivos da formação.
Falta de garantia da formação continuada dos/das educadores/as, compromisso dos gestores públicos com a educação pública e de qualidade, currículo único diante de realidades diversas, política educacional para a convivência, inserir as práticas culturais nas escolas do Semiárido são alguns dos desafios enfrentados pela educação no Semiárido que foram apontados pelo professor e presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Paulo Rubem. “Fazer com que a escola não seja a grande engrenagem do capitalismo é o grande desafio”, defende Paulo Rubem, que aponta que esta relação entre economia e educação determina o modelo de educação que temos hoje, excluindo dos processos educacionais promovidos pelo estado, uma ação transformadora e inclusiva dos sujeitos sociais.
A conjuntura política da educação do campo e para a Convivência com o Semiárido no Território Sertão do São Francisco foi o tema proferido pelo Professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Edmerson dos Santos Reis, no segundo dia da formação. O professor começou apontando a situação do campo e do Estado e como este sistema afeta, ameaça e direciona os rumos da educação adotada pelo Estado brasileiro, como o avanço do latifúndio, empresas se apropriando da dinâmica do campo, má distribuição dos recursos públicos, etc.
Edmerson argumentou ainda que os programas e o plano Nacional de Educação recebem o viés que o Estado quer, sendo este pautado pelos ideais do capital. “É ingenuidade pensar que a educação pode transformar, ela contribui pouco com a transformação se o Estado não muda”, defende. Nisto, as concepções existentes e concretas de educação do campo são desviadas do real papel da educação. Falta compromisso dos gestores com a educação e seus contextos, já que “não há novidade nos municípios do Território Sertão do São Francisco em termos de política própria de educação”, argumenta.
“Não é possível discutir educação sem entender essas lógicas que estão por traz”, pontua Edmerson. Neste sentido, o desafio é não reproduzir ideologias opressoras, mas ocupar os espaços tradicionais de educação e provocar mudanças e pressionar o Estado para garantir mudanças na concepção pedagógica da educação. “Pensar uma educação que esteja a favor de um projeto de educação libertadora é o que a gente deve ter como meta no projeto de educação”, defende Edmerson. “O grande avanço na reflexão pedagógica foi a ação dos movimentos sociais”, avalia o professor, que cita como exemplo o crescimento e a aceitação da educação contextualizada a partir da criação da Rede de Educação do Semiárido Brasileiro - Resab, apesar de ainda não ser um projeto de Estado.
O Eixo Educação do Irpaa, responsável pela formação, explica que diante da atual conjuntura da construção de um sistema nacional de educação foi escolhido este tema para que a equipe do Irpaa possa contribuir com os demais atores sociais nos municípios do Território na luta por uma educação de qualidade. “Nós cidadãos e cidadãs precisamos nos empoderar para monitorar e fiscalizar a execução dos planos”, explica a colaboradora do Irpaa Juzileide Carvalho.
Durante o encontro ainda foram apresentados resultados de projetos de pesquisas realizados por pesquisadoras da Fundaj sobre o controle social do Fundeb e sobre práticas pedagógicas da Educação contextualizada, além de reflexão sobre o papel do Irpaa na luta pelo direito a educação no Semiárido. A ação faz parte da proposta do Eixo Educação de promover o Plano de Formação Continuada da equipe, começando pela temática de educação.