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01.06.2010
Entrevista: Roberto Malvezzi
Revista - Radis


Por Adriano De Lavor e Rogério Lannes (fotos)

Agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Roberto Malvezzi, o Gogó, é um articulador nato. Músico e escritor de artigos críticos sobre as questões de interesse do semiárido, ele foi uma das vozes mais ouvidas no 7º EnconASA, conduzindo discussões ou animando os participantes com seu violão. Formado pela Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena (SP), e pelo Instituto Teológico São Paulo (Itesp), Gogó conversou com a Radis sobre os impactos das cisternas na região e teceu críticas à polêmica transposição do Rio São Francisco.

Qual o real impacto das cisternas na vida do semiárido?

Alguns impactos podem ser medidos diretamente. As famílias que recebem a cisterna têm água de qualidade para beber. Grande parte da nossa população rural não tinha. São 340 mil famílias com água potável e, como em média as famílias nordestinas têm cinco pessoas, pode-se dizer que afeta 1,5 milhão de pessoas. Isso tem um impacto imediato na saúde, sobretudo na das crianças e dos idosos. E traz alívio para quem tinha que buscar água todos os dias.

Além disso...

Promove uma certa liberdade política, na dependência da água dos coronéis e dos carros-pipa. Indiretamente, a cisterna abre uma porta para se entender que é possível conviver com o semiárido. Entender que aqui chove, que você pode aproveitar essa água para beber, para produzir, para usar com os animais e criar outras tecnologias. Em um horizonte mais vasto, é possível visibilizar que no semiárido é possível se viver, como em qualquer outra região do mundo.

Além da garantia de água, que outros elementos precisam ser trabalhados para se estabelecer esta convivência com a região?

A gente sempre fala da questão da terra. Doze milhões de pessoas, metade da população nordestina, moram no meio rural. Infelizmente, a terra é concentrada. As pessoas alegam que as famílias têm dificuldades para ter uma cisterna de produção, já que não têm espaço suficiente. A gente sempre luta por uma reforma agrária adequada ao semiárido. Aqui tem que ter terra e água, e terra em quantidade suficiente para produzir uma pequena agricultura e criar pequenos animais, que é o forte da região.

E quanto à energia?

Na questão energética estamos tomando como base a experiência de agricultores da Alemanha e da Espanha. É essa nova tecnologia de captação de energia solar, que não armazena em bateria, mas capta, converte e vende para a rede. Os agricultores alemães estão ganhando muito dinheiro com energia solar. E lá tem pouco sol. Imagine aqui no Nordeste, com nove, dez horas de sol por dia. As famílias poderiam produzir energia e vender para o sistema elétrico nacional. Propomos neste EnconASA o surgimento de um novo grupo que possa promover a soberania energética. Também realizamos um trabalho de educação contextualizada, outra dimensão essencial, incluindo a cultura. Temos a convicçã

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