Por Adriano De Lavor e Rogério Lannes (fotos)
Coordenador nacional da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), o teólogo Naidison de Quintella Baptista defende que uma melhor convivência com a região garante melhoria na qualidade de vida da população. Baiano de Salvador, o ativista do Movimento de Organização Comunitária (MOC), com formação na Universidade Católica de Salvador, Universidade Gregoriana de Roma e Instituto Litúrgico de Trier, na Alemanha, fala do projeto de construir 1 milhão de cisternas no Nordeste.
Como funciona a Articulação do Semiárido Brasileiro?
A ASA é uma articulação de organizações (sindicatos, ambientalistas, grupos comunitários, de base e de igreja) que trabalham para construir a viabilidade do semiárido e uma imagem da região que seja digna de seu povo. É uma colcha de retalhos, presente em vários estados e que atende à realidade de cada um. Na Paraíba, por exemplo, há grupos que trabalham com sementes nativas, outros que desenvolvem fundos solidários rotativos; na Bahia, há trabalhos com educação contextualizada. Em cada estado, ela tem uma coordenação eleita, e, em nível nacional, uma coordenação executiva.
Como foram eleitos os delegados para o EnconASA?
Os delegados foram escolhidos a partir de alguns critérios: a área de semiárido que ocupam e o elemento populacional. A Bahia é a maior delegação, porque é o estado que tem a maior extensão de área de semiárido, e a que tem maior população vivendo nele. São 350 vagas para os delegados e agricultores familiares, divididas proporcionalmente entre os estados.
Quais os projetos da ASA?
A ASA nacional tem hoje dois grandes projetos. O primeiro é o Programa de Mobilização e Informação para Convivência no Semiárido, popularmente conhecido como P1MC (Programa 1 Milhão de Cisternas), lançado há 10 anos. Hoje, registramos no nosso site (www.asabrasil.org.br) cerca de 288 mil cisternas, mas avaliamos que elas chegam a 340 mil — há outras, financiadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social, que seguem a nossa mesma metodologia. O objetivo é formar e aprofundar a formação das pessoas para um processo de convivência com o semiárido, onde as cisternas são o elemento aglutinador. Hoje já se se analisa que precisaríamos de 1 milhão e 250 mil cisternas, embora não sejam computadas muitas cisternas que os estados ou as organizações construíram.
Como funcionam as cisternas?
São reservatórios de cimento, cada um com capacidade para captar 16 mil litros, suficientes para uma família beber e cozinhar durante 10 meses. Isso garante que a família tenha sempre consigo acesso a água de qualidade, o que preserva sua saúde. Cada construção requer envolvimento da comunidade, na qualificação das pessoas para o uso dessas cisternas.
Quem financia as cisternas?
O financiamento vem de várias fontes: a mais importante é do Governo Federal