O projeto que pretende construir um milhão de cisternas no Nordeste está andando a passos lentos. Sem recursos suficientes, as obras atrasaram. Saiba como está a situação no Ceará.
Em vez de longas caminhadas, a dona de casa Maria Abreu da Silva agora da apenas alguns passos. A água que ela tanto precisa está no quintal de casa, armazenada na cisterna. "Quem não agradece a Deus por uma cisterna dessas? Foi muito bom para nos aqui na nossa comunidade", disse.
A dona Maria mora na comunidade do Poço, em Canindé, sertão do Ceará, aonde as primeiras cisternas chegaram no ano passado. É uma tecnologia simples usada para armazenar água da chuva. Calhas recebem a água que cai no telhado e levam até o reservatório.
Em períodos de estiagem prolongada a maioria das cisternas já não tem água da chuva do ano passado. Mesmo assim, elas fazem a diferença na vida das famílias do sertão. Hoje, servem para armazenar a água levada pelos carros-pipa e ajudam a diminuir o sofrimento causado pela seca.
Antes, O aposentado José Gomes de Freitas sofria duas vezes: pela falta d'água em casa e pela falta de reservatórios para guardar a que era enviada pelo governo. “Estamos esperando o inverno. A gente tira essa água que é da pipa, deixa encher do inverno e ai a coisa melhora”, falou.
No Brasil, as cisternas de placa começaram a ser construídas nos anos 80, com o apoio de organizações não-governamentais. Com bastante atuação no Nordeste, a ASA, Articulação no Semi-Árido Brasileiro, lançou o projeto para a construção de cisternas em 2003. Formada por várias entidades civis, como ONGs, associações de trabalhadores rurais, sindicatos e federações, a meta era construir um milhão de cisternas em cinco anos. Até hoje, o programa construiu 289 mil.
“A grande dificuldade é a captação de recursos. A gente ainda não conseguiu captar recursos na velocidade que a gente acha necessário”, justificou Elzira Saraiva, coordenador da ASA.
A ASA trabalha com doações de entidades e de pessoas físicas e com alguma ajuda dos governos Federal e estadual. O dinheiro arrecadado não é suficiente para capacitar trabalhadores e comprar material no ritmo previsto no início do projeto. Por isso, hoje a organização não estipula mais uma meta para o termino da construção de um milhão de cisternas.
Enquanto isso, os moradores de uma comunidade em Canindé têm de buscar água longe de casa. O agricultor Libano Pinheiro dos Santos caminha muito para encontrar água e precisa fazer o percurso diariamente. Ele só conta com a ajuda do animal.
Para a coordenadora do projeto, um dos principais problemas é a alta no preço do cimento.
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