Nesta sexta-feira (29), centenas de agricultores e agricultoras se concentrarão na Praça da Rosa, no centro de Pesqueira, em Pernambuco, e suas vozes exaltarão a importância da agricultura familiar para a produção de alimentos e a sustentabilidade do semiárido. O ato público, promovido pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), encerra o II Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores Experimentadores do Semiárido.

Um dia após a data que celebra a Caatinga - bioma exclusivamente brasileiro e característico da região semiárida - o ato percorrerá as ruas centrais do município e pretende chamar a atenção da sociedade para o modelo de agricultura que preserva a Caatinga e produz alimentos até mesmo em tempos de seca. O ato também vai destacar o papel do agricultor familiar na elaboração de políticas públicas de convivência com a região semiárida.

O coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas , Antônio Barbosa, afirma que esse é um movimento em prol dos agricultores, trazendo à tona as necessidades da agricultura familiar, responsável por 60% dos alimentos consumidos pelos brasileiros.

A partir das 10h, inicia-se a concentração para o ato, em frente ao Hotel Cruzeiro. Os participantes do encontro vão se unir a outros agricultores vindos do sertão e do agreste de Pernambuco e os moradores locais. O público fará uma caminhada rumo à Praça da Rosa, onde haverá apresentações de grupos da cultura local, como o grupo Coco Raízes, de Arcoverde, e uma feira de produtos artesanais.

O semiárido é o endereço de 80% das famílias agricultoras do Brasil. Dados oficiais afirmam que a agricultura familiar emprega 77% dos 17 milhões de brasileiros que trabalham no campo.

A ASA surge do intuito de organizações que já atuavam no semiárido de quebrar um círculo vicioso, no que se refere à desvalorização do saber tradicional, à baixa autoestima das famílias agricultoras e à negação de direitos à água, à terra, à segurança alimentar e nutricional. A ação desta rede com mais de mil organizações da sociedade civil tem influenciado a criação de políticas públicas de convivência com o semiárido, com mudanças sociais, econômicas e ambientais na região.

Para realizar o evento, a ASA conta com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS), Ministério o Desenvolvimento Agrário (MDA), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Agência de Cooperação Espanhola, Instituto Ambiental Brasil Sustentável, Fundação Avina e Heifer.

Sobre a Caatinga

- 844.453 km² é a área ocupada pelo bioma (cerca de 11% do território nacional).

- Principal bioma da região Nordeste, atingindo também o estado de Minas Geais.

- 27 milhões de pessoas vivem atualmente na área ocupada pela Caatinga.

- 80% de seus ecossistemas originais já foram alterados pela ação humana.

- 15 milhões de pessoas são prejudicadas pela ação da desertificação na área e também no Cerrado.

- 7% da Caatinga encontram-se em unidades de conservação e menos de 1% em unidades de proteção integral.