Ao longo dos séculos, as oligarquias do semiárido aproveitaram as grandes secas para aumentar suas riquezas e seu poder. Neste cenário, as políticas públicas de distribuição de água deixaram de cumprir deveres para funcionar como moeda de troca por votos ou favores para grandes proprietários de terras ou de pessoas ligadas a eles.
“Constatamos que permanece a política da “indústria da seca”, onde todos aqueles benefícios que a sociedade poderia estar utilizando para a qualidade de vida ainda estão sendo utilizados para fins eleitoreiros por políticos desonestos”, alerta o coordenador da Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA) pelo estado do Piauí, Carlos Humberto.
Com o objetivo de alertar, fiscalizar e denunciar os abusos no uso eleitoreiro da água, a articulação vem promovendo a campanha “Não Troque Seu Voto por Água. Água é Direito Seu”. A iniciativa está convocando as famílias agricultoras, além das organizações que atuam no semiárido e as comissões municipais da ASA dos nove estados do Nordeste, além de Minas Gerais. No final de maio, a organização encaminhou um ofício à presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, solicitando o apoio da entidade para a campanha.
Na semana de 9 a 13 de julho, representantes estaduais da entidade discutiram uma série de ações para fortalecer a campanha nas comunidades. Entre elas, a produção de materiais de comunicação para repercussão nas comunidades, divulgando o contato dos órgãos responsáveis por receber as denúncias, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ministério Público e Tribunal Regional Eleitoral.
“Estamos chamando todas as organizações da ASA, além dos agricultores e agricultoras para dizer um ‘não’ e um ‘basta’ a essa prática eleitoreira que coloca mais dificuldade na mobilização das pessoas e dificulta uma política de convivência com o semiárido”, salienta Carlos Humberto. “É um processo longo e transformador. Ao avaliarmos os impactos desta seca, percebemos que hoje existe mais consciência e cidadania. Mas é preciso trabalhar cada vez mais para libertar a sociedade da presa de políticos que não estão comprometidos com uma política limpa”, completou.
Fonte: Ascom/ASA