Mídia, informação e democracia foram pautas do debate na noite de sexta passada, 29 de abril, durante a realização de mais uma ação no Acampamento Popular Permanente e em Defesa da Democracia, instalado na praça do Derby, área central do Recife (PE). Na ocasião foi lançada a edição especial do jornal Brasil de Fato Pernambuco, realizada em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), e também da segunda edição do impresso em Pernambuco.

Com uma tiragem de um milhão de exemplares no país, esse é o primeiro tabloide do Brasil de Fato na região Nordeste. A expectativa é de que o veículo possa expandir para mais estados. A coordenadora de comunicação da ASA, Fernanda Cruz, participou do lançamento da edição especial, cuja edição apontou como destaques notícias com o perfil de parlamentares da Câmara de Deputados que votaram contra a democracia e em favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT); e o que está em ‘jogo’ quanto às conquistas e direitos dos povos do Semiárido, caso o afastamento seja concretizado.

Segundo Fernanda o acampamento é um local importante para lançar o jornal por se tratar de um espaço diverso e plural, onde estão representadas as bandeiras de luta do campo, da cidade, mulheres, saúde. “A luta do campo é a luta da cidade. Precisamos nos unir e olhar para como podemos fortalecer espaços midiáticos que estão ao nosso serviço”, declara.

A diagramadora do impresso, Diva Braga, enfatizou o quanto a democratização da comunicação é algo crucial na luta revolucionária. “É fundamental na disputa das ideias e da consciência. A nossa iniciativa em Pernambuco é o primeiro passo da construção de uma alternativa de mídia mais unitária, de uma frente que nos unifique”, disse.

Debate Mídia, Informação e Democracia  - De iniciativa do grupo de pesquisa Cidade e Participação, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),   o debate teve como destaque o papel da imprensa na distribuição de informações e geração de pensamento crítico, as lutas pelo direito à comunicação e o protagonismo social e a relação entre mídia e poder.

O comunicador e membro do Núcleo de Comunicação Caranguejo Uçá, Edson Fly, falou sobre a comunidade Ilha de Deus – considerada um dos maiores manguezais urbanos do mundo - rica na produção de mariscos, peixes, camarão, mas que enfrenta desafios diários no acesso às políticas na área de educação, saúde, moradia, segurança e na comunicação.  

A partir de instrumentos de comunicação como o jornal da Maré, programas de rádio como a Terça no Mangue, a comunidade resiste e mobiliza-se para garantir seus direitos. “Quando decidimos ser um núcleo de comunicação sabíamos que tínhamos um desafio. Na rádio Boca da Ilha candidato nem pensar, e político só fala se tiver compromisso”, disse Fly.

Participaram do debate a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC), Ivana Bentes, a professora de Direito e advogada ativista, Liana Cirne Lins, o comunicador e membro do Núcleo de Comunicação Caranguejo Uçá, Edson Fly, o comunicador e idealizador do Som na Rural, Roger de Renor, a coordenadora da Rádio Elétrica, Kátia Suman, o jornalista do portal de conteúdo independente Marco Zero e professor de Comunicação Social da Unicap, Lula Pinto, os cineastas Pedro Severien e Marcelo Pedroso, a mãe Beth de Oxum e os coletivos Intervozes e Fórum Pernambucano de Comunicação (Fopecom).