Nesse município se desenvolve um trabalho de educação contextualizada consolidado no campo e na cidade e que foi iniciado nos primeiros anos da década de 2000 a partir da experiência do projeto “A educação que a gente quer do jeito que a gente é”, que foi executado, na época, pela Diocese de Ruy Barbosa.

Para conhecer de perto essa experiência, educadores/as de diferentes municípios baianos - Vitória da Conquista, Mairi, Bonito, Várzea da Roça, Itaberaba, Belo Campo, Irecê, Baixa Grande e Mirangaba - se juntaram aos educadores/as de Várzea do Poço e representantes do poder público local e de organizações da sociedade civil para vivenciar dias intensos de debates, reflexões, partilha, celebração e integração.

No dia 30, o público se reuniu no Auditório Municipal Ronilson Mota para a abertura do evento. Respondendo ao questionamento que pairava na mente de muitos - “Que lugar é esse onde estamos?”, o professor Jailson Aquino declamou um cordel elaborado por ele juntamente com alguns estudantes sobre a história de Várzea do Poço. Para mostrar sobre a trajetória do projeto “A educação que a gente quer do jeito que a gente é” no município, um vídeo com depoimentos e imagens das ações foi exibido para os/as participantes.

O momento foi encerrado com mensagens de boas vindas de gestores públicos do município Várzea do Poço, como a Secretária de Educação, Paula Luciana, o presidente da Câmara de Vereadores, Alexandre Paixão, e o prefeito, Paulo José. Houve também fala da professora Maira Nilza, do estudante Eduardo Oliveira, do bispo da Diocese de Ruy Barbosa, Dom André de Witte, e do coordenador nacional do Projeto Cisternas nas Escolas, Rafael Neves.

Para conhecer melhor o trabalho de educação contextualizada, a programação do dia 1º de dezembro foi dedicada à visita de experiências. Os/as participantes seguiram em três grupos para locais diferentes: Creche Mônica Luiza dos Reis, localizada na sede municipal; Escola Ana Neri, na comunidade de Itapoan, e Centro Educacional Coronel Antônio Lopes Filho, na comunidade Nova Esperança. Em cada uma das instituições as pessoas participaram de vivências, oficinas e debates relacionados aos seguintes temas, respectivamente: “Contextualizando na educação infantil”; “Educação contextualizada, identidade e cultura rural” e “Agricultura familiar e sustentabilidade no Semiárido”.

Em todas as experiências foi possível ouvir dos/as educadores/as quais são as metodologias utilizadas de ensino-aprendizagem na perspectiva da educação contextualizada e o(s) impacto(s) que essa ação tem gerado na vida dos(as) estudantes e suas famílias. Um dos impactos relatados foi sobre a redução da evasão escolar no município e o maior interesse e participação dos(as) alunos(as) nas aulas, já que os conteúdos e atividades se aproximam das suas realidades.

Apresentação cultural dos/as estudantes

Na noite do dia 1º, todos/as se reuniram na praça da cidade para prestigiar apresentações culturais e premiações de estudantes que se destacaram durante o ano letivo pela superação e dedicação aos estudos e também dos/as professores/as pelos trabalhos desenvolvidos. Na oportunidade, representantes da Cáritas Regional Nordeste 3 realizaram um teste de transgenia com sementes crioulas guardadas por agricultores da região de Várzea da Roça.

No terceiro dia do intercâmbio foram realizadas, pela manhã, oficinas temáticas sobre educação popular, convivência com o Semiárido, avaliação na educação contextualizada, gênero e contextualizando na educação infantil. Já, pela tarde, educadores/as de Várzea do Poço mostraram o que são e como são construídas as fichas pedagógicas usadas por eles/as nas salas de aula como material norteador dos conteúdos a serem partilhados, para depois seguirem para a etapa prática de elaboração das fichas juntamente com os/as educadores/as presentes no intercâmbio. Depois de um dia intenso de trocas e aprendizados, os/as participantes celebraram com música ao vivo e jantar com pratos típicos da região a base de licuri.

O público teve a oportunidade de refletir, no último dia do intercâmbio, sobre o tema “Novas Ruralidades” e, depois, socializar as sistematizações sobre os desafios e perspectivas da educação contextualizada a partir dos debates realizados no dia anterior. Este momento foi oportuno para que tanto os/as gestores/as quanto os/as educadores/as de Várzea do Poço conhecessem a opinião de pessoas que vivem outras realidades, mas que podem contribuir para ajudá-los/as a pensar no futuro da educação contextualizada desse município.

O intercâmbio cumpriu seu objetivo de possibilitar a troca de saberes entre os que já vivenciam a experiência da educação contextualizada e aqueles/as que desejam conhecer mais sobre esse trabalho ou que já desenvolvem em suas comunidades outras ações que buscam a perfeita harmonia entre o relacionamento com as pessoas, sua cultura e em seu meio, mostrando, assim, que seu horizonte, o Nordeste, não é terra da fome e da miséria, mas sim a “terra prometida ao povo nordestino, onde corre leite e mel” (Dt 11, 9-12)”.