“Que lugar é este que eu vivo? Qual a minha participação como jovem pela promoção de iniciativas que modifiquem a vida da minha comunidade e, por consequência, a minha?” Estas foram algumas questões refletidas pelos agentes jovens acompanhados pelas Cáritas de Ruy Barbosa, Amargosa e Irecê, no encontro realizado de 2 a 4 deste mês, na cidade de Andaraí (BA).

O encontro teve o intuito de debater a realidade do Semiárido e aprofundar o entendimento acerca da participação da juventude no contexto dessa região. Para a Rede Cáritas, a construção de um Semiárido mais igualitário perpassa, fundamentalmente, pela perspectiva de encontrarmos novos caminhos para inserir os jovens nos espaços de debate e atuação, para que estes se sintam pertencentes aos processos que vem transformando o sertão.

Além dos jovens, participaram também da formação representantes dos escritórios de Baixa Grande, Caetité e Salvador, além dos facilitadores Elói Barreto e Áurea Barreto, que conduziram os debates de uma forma provocativa e participativa.

Durante o evento, temas como economia solidária, política e democracia participativa, educação popular, gênero, questões afetivas e familiares foram debatidos na perspectiva de, sobretudo, fazer cada participante, não só ter uma compreensão maior acerca desses assuntos, mas retornar às suas regiões como multiplicadores/as e facilitadores/as, contribuindo para empoderar outros jovens do Semiárido baiano e ampliar os espaços coletivos de protagonismo das juventudes. Foi também um momento de refletir a atuação da Cáritas no Semiárido e perceber quais são as possibilidades e expectativas para as juventudes sertanejas a partir da atual compreensão desse lugar.

Um dos momentos mais marcantes do encontro foi a provocação feita por Elói Barreto, quando disse: “Nosso maior desafio é trazer a juventude do Semiárido para o sentido do pertencimento. Que lugar é este que eu vivo? Onde eu estou inserido no contexto e na realidade desse Semiárido? Qual a minha participação como jovem pela promoção de iniciativas que modifiquem a vida da minha comunidade e, por consequência, a minha? Trazer a juventude para estas reflexões e, fazê-los sair do comodismo e do bombardeio midiático que exclui estes jovens e tenta fazer deles meros reféns do capitalismo visceral, é o nosso desafio! Fazer a juventude valorizar nossa cultura, nossa riqueza de saberes, nossa natureza, nossa fauna e flora, fazê-los compreender e participar da mudança que o Semiárido vem passando e, fazer as intervenções para torná-los protagonistas destas iniciativas. Não serão os valores do mercado nem a lógica do consumismo que irá nos impedir de abrir os olhos dos nossos jovens, pois, temos valores grandiosos que nos impulsionam e nos motivam, esse é nosso grande desafio, para que todos nós, possamos continuar a construir um Semiárido com maior inclusão social, participação e cidadania”.

Amanda Silva, jovem e agente Cáritas, saiu ainda mais esperançosa do evento e compartilhou as suas impressões: “Nós, jovens Cáritas, que estamos neste movimento contra a lógica do capital, no processo de empoderamento político, convivência com o Semiárido e incidência em políticas públicas, nos sentimos fortalecidos neste encontro e reafirmamos a necessidade de encantar outros jovens, que, como nós, sonham por uma sociedade mais justa e solidária”.

* Com contribuições de Amanda Silva e Josilene Passos, da Cáritas Regional Nordeste 3